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Publicado em março 6th, 2018 | por Emmanuel Deodato

Imersão BG: Imhotep – de vilão a boardgame

Fala galera! Hoje desvendaremos o passado (verdadeiro por assim dizer) do vilão da adolescência de muita gente. Ele é Imhotep, representado como um carequinha maléfico no filme A Múmia e sequências. Nos acompanhe para conhecer o personagem histórico no jogo Imhotep, do designer Phil Walker-Harding, ainda não lançado por aqui.

Você vai precisar se tornar um construtor no Antigo Egito para tentar se comparar ao polímata Imhotep. O personagem histórico considerado por muitos, o primeiro Arquiteto. Mas não basta apenas construir. Será preciso administrar o fluxo dos barcos, suas ferramentas e claro, seus pontos de vitória!

Não sabe o que é um polímata? Quer conhecer mais da história de Imhotep? Quer se sentir na sessão da tarde com referências ao filme? Acompanhe nossa coluna!

Imhotep: o primeiro em quase tudo

Não é a múmia do polímata Imhotep, apenas seu retrato. Créditos African Heritage Foundation

Imhotep foi um polímata egípcio, servindo a Djoser, rei da Terceira Dinastia, na função de vizir do faraó. Era também conhecido como o sumo-sacerdote do deus-sol Rá, em Heliópolis.

Como veremos, é considerado por diversos autores como o primeiro arquiteto, engenheiro e médico da história. Mesmo existindo outros médicos contemporâneos  a ele.

Polímata significa alguém que detém conhecimento, domínio em várias áreas do conhecimento. É alguém que possui um vasto entendimento, e essa denominação demonstra perfeitamente quem Imhotep era.

O arquiteto e engenheiro Imhotep

Você já fica com essa cara em ser o primeiro do board, imagina o primeiro em quase tudo?

Sim, o primeiro arquiteto e o primeiro engenheiro falam muito sobre a história do Egito e sobre Imhotep. Escritos encontrados próximos à pirâmide do Faraó Djoser, confirmam a história de Imhotep. Além disso, o apontam como vizir, ou seja, o mais importante ministro do reino.

Importância essa ressaltada no pedido do faraó: construir seu futuro túmulo. Imhotep desejava construir um túmulo que lembrasse um verdadeiro monumento e pensou em algo transcendental. Uma escada que levasse o faraó até os céus. Com essa ideia, Imhotep edificou a primeira pirâmide do Egito: a pirâmide de Sacara.

A primeira pirâmide egípcia. Créditos Ancient Origins

É possível perceber sua formação mais rudimentar do que outras pirâmides mais famosas, mas afinal, estamos falando da primeira edificação desse tipo. No local da pirâmide de Sacara já existia uma construção real para abrigar o túmulo do faraó. Até o pioneirismo de Imhotep, as necrópoles eram em sua maioria, construções retangulares baixas.

Mas o pedido do faraó exigia de Imhotep uma construção diferenciada, suntuosa. Realizada com “bancos de pedra e lama” a pirâmide foi o auge de sua carreira arquitetônica. Para alguns autores ainda, Imhotep foi o primeiro a utilizar colunas de sustentação em suas construções, sendo um engenheiro de elevadas capacidades.

Engana-se quem acredita que a “obra” tenha sido simplesmente elevar a pirâmide. Imhotep construiu um complexo para o faraó, que envolvia uma área de aproximadamente 16 hectares.

Nessa área o arquiteto e engenheiro construiu: um templo, pátios, santuários e aposentos para os sacerdotes que habitavam a corte faraônica. Tudo isso cercado por um muro de mais de 10 metros de altura. Para a proteção, 13 portas falsas foram construídas no complexo e apenas uma conduzia ao caminho verdadeiro.

Outras conquistas de Imhotep

O rapaz tem conquistas de cair o queixo

O faraó Djoser ficou tão impressionado com as construções edificadas por Imhotep que, apesar da tradição de se colocar apenas o nome do rei em suas construções, o nome do arquiteto fora colocado juntamente com o do faraó.

Quando Djoser faleceu foi colocado no túmulo projetado. Para alguns autores Imhotep prosseguiu com suas habilidades e teve uma vida longa, servindo a outros reis posteriores. É entendido também, que Imhotep escrevia e praticava a medicina. Isso aconteceu, 2.200 anos antes do famoso Hipócrates (o pai da medicina moderna).

Apesar de não ser considerada uma verdade absoluta, para alguns egiptólogos Imhotep é o autor do papiro de Edwin Smith. O escrito contém mais de cem termos anatômicos e descreve cerca de 48 machucados e doenças com seus possíveis tratamentos.

Mas, se esse importante documento não é absolutamente atribuído a Imhotep, este deixou outros textos importantes. Inúmeras escritas didáticas sobre moral, religião, poesia e observações científicas são atribuídas a esse personagem.

Apesar da sua pirâmide não ser essencialmente de pedras e rochas, Imhotep já imaginava uma construção dessa forma. Provavelmente não estava vivo para ver suas ideias ganhando forma. Mas, para estudiosos sobre as pirâmides, a construção e visão desse arquiteto foram determinantes para o sucesso posterior, por exemplo, a Pirâmide de Gizé.

A história continua: o culto à Imhotep

O complexo de Sacara, imaginado e construído pelo personagem

A influência do arquiteto não se restringiu apenas à sua vida e suas contribuições. Após sua morte gerou-se um verdadeiro culto à sua memória. No Império Novo (ainda dentro do Antigo Egito) o personagem foi venerado como patrono dos escribas. Era a personificação da educação e do conhecimento da função.

Seu túmulo se tornou um ponto de referência e peregrinação, chegando a ser nomeado, o filho de Ptah, deus supremo de Mênfis. Sua veneração se espalhou ainda por gregos e romanos, com nomes variados. Mas todos apontavam para o reconhecimento de suas grandes aptidões.

Imhotep: o jogo do barco rumo à discórdia

Cada vez que um jogador leva o barco cheio de pedras suas para um lugar não desejado é uma declaração de guerra. Créditos DailyWorkerPlacement

Ele é um jogo simples, elegante, mas que apresenta camadas de estratégia e tática a todo momento. Você dificilmente se sentirá como o verdadeiro arquiteto, mesmo que consiga fazer isso:

Conheço alguns que quase possuem esse poder

Mas, o jogo possui uma sensação de construção. Combinada essa sensação com seu dinamismo e mecânicas, temos uma ansiedade constante. As construções (principalmente em mais jogadores) vão se tornando táteis, visíveis. Ponto aqui para as pedras, excelentes componentes do jogo. É possível observar a pirâmide sendo erguida, matando de raiva quem não conquista pontos ali.

Mesmo com um tabuleiro e componentes simples, o jogo possibilita essa visualização, essa sensação de determinar as construções possíveis.

Considerações finais: Imhotep em filme, revista e jogo

A beleza dos componentes e das construções. Créditos Boardgamegeek

O jogo infelizmente ainda não chegou em terras tupiniquins, mas torcemos para que isso se modifique em breve. O jogo possui mecânicas simples e uma elegância invejável. Roda suave na mesa e diverte a todos.

Não pense que se trata de um jogo bobo. É possível pontuar de inúmeras maneiras e cada ação é determinante para o sucesso da sua estratégia. Se você encher um barco com suas pedras, pode ser que um rival conduza-o para um local não desejado. Se ficar apenas direcionando os barcos, não vai pontuar.

É preciso equilíbrio em cada jogada. A patroa sempre dá aquele grito quando o barco cheio de pedras dela atinge uma construção desnecessária. Eu confesso, geralmente mando tudo para o Obelisco!

Imersão BG

Muito obrigado a todos que acompanham nossa coluna. Estaremos juntos na próxima semana em uma época fria, com a guerra ao seu redor!

Abraços!

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