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Publicado em janeiro 23rd, 2018 | por Emmanuel Deodato

Imersão BG: Puerto Rico – clássico de história

Fala galera! Na nossa primeira coluna desse novo ano, vamos nos encontrar em Porto Rico, no tempo das grandes navegações. Teremos que plantar, cultivar, produzir, negociar, construir e exportar. Claro, sempre que possível, atrapalhar nossos rivais. Tudo isso no belo clássico Puerto Rico, do designer Andreas Seyfarth, lançado aqui pela Grow. (Confira o nosso review desse clássico).

Nos encontramos em um momento de instabilidade e expansão. Quem conseguirá administrar da maneira mais produtiva possível a sua fazenda, sua cidade e suas funções? Nesse cenário paradisíaco, vamos conhecer um pouco mais sobre a história de Porto Rico, o período colonial e seu crescimento, confiram.

Porto Rico muito além do Puerto Rico

O mapa de Porto Rico

Porto Rico é, oficialmente, um território não incorporado dos Estados Unidos. É um arquipélago, localizado ao norte do mar do Caribe, composto por várias ilhas, dentre elas, a principal é Porto Rico. Mas, existem outras como Mona, Culebra e Vieques.

Sua capital e cidade mais populosa é San Juan (entendeu a referência? O jogo imita a vida ou a vida imita o jogo?). As suas línguas oficiais são o inglês e o espanhol, e sua população soma por volta de 3,4 milhões de habitantes.

Os porto-riquenhos são, para todos os fins, cidadãos norte americanos e podem adentrar ao território continental. Mesmo assim, por se tratar de um território não incorporado, Porto Rico não possui voto no congresso dos Estados Unidos. Situação diferente, por exemplo, ao Hawaii que é considerado Estado.

A origem do nome

Me dê uma garrafa de rum e me deixe morando aqui. Créditos Taste Fulltours

O nome atual não se refere a outra situação que não um porto que exporta muitas mercadorias, ou seja, um porto rico (hoje será o dia das referências).

Quando nativos da tribo Taína ainda habitavam a região, seu nome era Borinquén. Uma derivação da palavra Borikén, significando a “Terra de Nosso Senhor Todo-Poderoso e Bravo”. Ou seja, por pouco não estaríamos jogando o belo jogo Borinquén.

Cristóvão Colombo renomeou a ilha para San Juan Bautista, em homenagem a São João Batista e a capital foi nomeada de Cidade de Porto Rico. Eventualmente, viajantes, piratas e visitantes começaram a se referir à ilha inteira como Porto Rico. San Juan acabou sendo utilizada para o porto e posteriormente para a cidade.

Pelo Tratado de Paris de 1898, os Estados Unidos alteraram o nome oficial para Porto Rico. Esse nome perdurou até 1931, quando foi alterado pelo Congresso para Puerto Rico.

Assim, o nome atual, completo e oficial da ilha é Estado Livre Associado de Puerto Rico. Simples para um título de board game?

Um pouco de sua história

Vista do porto de San Juan. Créditos Library of Congress

Cristóvão Colombo chegou em Porto Rico durante sua segunda navegação, em novembro de 1493. Na época, a ilha ainda era habitada pela tribo Taíno.

Porém, fora Juan Ponce de León quem fundou o primeiro assentamento nas novas terras, nominado Caparra, em agosto de 1508. Acabou sendo também, o primeiro governador da ilha. Sim, esse Ponce de León é o famoso expedicionário que buscou a fonte da juventude, mas acabou encontrando apenas a morte no território que atualmente é o estado da Flórida, nos Estados Unidos.

Para a Espanha, a ilha de Porto Rico possuía não apenas importância mercantil. Também era um importante porto para as crescentes guerras marítimas. Assim, para fortalecer seu domínio, em 1809 a ilha passou a ser denominada província ultramarina da Espanha. Isso possibilitou a eleição de um representante do parlamento espanhol.

Buscando consolidar seu poderio na ilha, a coroa espanhola renova o Real Decreto de Graças de 1815. Ele concedia terras grátis como forma de estimular a mudança de espanhóis e europeus. A ilha ofertava principalmente a produção de açúcar, tabaco e café (entendeu a ligação aqui?).

Essa ação rendeu como consequência a chegada de aproximadamente 450 mil imigrantes, principalmente espanhóis. Eles se estabeleceram na ilha até a conquista americana.

Os Estados Unidos jogam Puerto Rico

Bom para um, para os dois ou para ninguém? Créditos The Intercept

Em 1898, aconteceu a guerra Hispano-Americana que acaba por refletir nas colônias caribenhas. Como resultado, em 25 de julho do mesmo ano os Estados Unidos invadiram Porto Rico.

As batalhas na ilha se prolongaram até agosto do citado ano. Na época, o presidente norte americano William McKinley e o embaixador francês Jules Cambon (agindo em nome do governo espanhol) assinaram um armistício. Nele, a Espanha abria mão de sua soberania sobre Porto Rico, no denominado tratado de Paris.

Enfoque da batalha em San Juan Hill. Artista Frederic Remington

Instalando-se na ilha, o governo norte americano iniciou uma longa relação com Porto Rico. Inicialmente governada por militares americanos, em 1900, a Lei Foraker concedeu determinada autonomia para a ilha. Ela permitia a possibilidade de escolha de uma câmara.

Em 1917, os Estados Unidos aprovaram a Lei Jones, concedendo aos porto-riquenhos a cidadania americana. Mas, uma série de fatores influenciou negativamente os primeiros anos de governo, tornando a ilha mais empobrecida.

Durante os anos 50 e 60, Porto Rico experimentou certo avanço econômico e industrial, encampado pelo New Deal de Roosevelt.

A relação ainda hoje é criticada. Pois sendo Porto Rico um território não incorporado, mas sob o poderio dos Estados Unidos, é uma extensão do colonialismo que iniciou-se com a Espanha e Ponce de León.

As críticas recentes atingiram novos ares após o anúncio do pedido de falência por parte de Porto Rico. Suas dívidas eram de aproximadamente US$ 73 bilhões. Tudo isso reforça a discrepância na relação estabelecida de uma eterna colônia explorada ao seu máximo.

Porto Rico e seu tabuleiro

Todos preparados para encarar essa ilha?

Ao olhar os componentes de Puerto Rico e seus tabuleiros, podemos identificar muito da história da ilha.

Logicamente, o assunto do colonialismo é apontado, de maneira mais econômica digamos, e se faz refletido em algumas ações. A utilização do termo colonos afasta uma vertente mais sombria da dominação histórica. Mas, nós bem sabemos que a base de tudo à época era a escravatura.

As plantações possíveis são facilmente identificáveis na história. Como já apontamos, o açúcar, o café e o tabaco estavam entre as principais produções de Porto Rico colonial. Inclusive, uma das ações do jogo é justamente o envio das produções, dos bens de volta para a Europa, retomando a roda da colonização.

Independente do aspecto obscuro e necessário de ser debatido, o jogo foca-se na estrutura econômica, na interação entre os administradores. Não é necessário forçar um embate histórico ou sociológico sem necessidades.

As funções que podem ser escolhidas se amoldam perfeitamente ao período e à importância dentro da estrutura apresentada. Elas retratam aquela realidade de maneira interessante para os jogadores.

Em diversos momentos do jogo podemos perceber a real Porto Rico, sua história, sua economia, seu crescimento.

Considerações finais – Puerto mucho Rico

A beleza de uma estrutura se formando em seu tabuleiro

Definitivamente um clássico. Seja por sua excelência como board game, seja por sua relação com o tema proposto. Puerto Rico aborda de maneira sutil e econômica um período complexo para a maioria dos países: a colonização.

Como colônia da Espanha e posteriormente dos Estados Unidos, percebe-se a intensa possibilidade que a ilha oferece. As plantações são variadas, produtivas e de bens especiais.

As construções são feitas em um terreno ainda intacto, com poucas alterações. É possível perceber o seu tabuleiro se completando, se tornando mais eficiente mais próspero. O crescimento que se percebe é facilmente remetido ao crescimento histórico, porque não, dizer que nos remete à nossa própria história.

Puerto Rico oferta mais do que um grande jogo, mas uma possibilidade de reflexão sobre a importância das colônias de exploração no avanço da humanidade.

Imersão BG

Bom galera, começamos o ano com um clássico. E que clássico é esse! Na próxima semana um salto temporal e espacial. Quem nunca pensou em tomar aquela cerveja na Baviera?

Abraços!

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