Publicado em março 7th, 2019 | por Gilberto Guerra
Opinião BG: Posso voltar a jogada? Ou o famoso control Z nos board games
Voltar a jogada é sempre um assunto polêmico para a mesa. Envolve fornecer uma vantagem não prevista nas regras a um jogador específico. Tal vantagem, ainda pode comprometer a jogada de outro jogador da mesa. Quando realizado em consenso com os demais jogadores, o clima de favorecimento indevido é amenizado. Mas ainda tem aquele jogador que não pede, só avisa que está voltando a jogada por que fez besteira.
Sendo assim, qual posicionamento tomar nessas situações? A primeira delas, é que qualquer decisão tomada precisa ser em consenso com os demais jogadores. Em mesas com decisões unilaterais, pode ser muito difícil conseguir um grupo participativo.
A seguir são expostas algumas sugestões de critérios a se adotar para permissão de voltar ou não uma jogada. Lembramos que são sugestões, a decisão final você deve tomar em consenso com o seu grupo. Vocês podem até criar uma regra para as jogatinas quanto a isso.
Hobby novo ou regras novas para o jogador
Se depois de muito tempo você convenceu aquele amigo a experimentar o hobby dos board games, é bom ser flexível. Voltar jogada é um processo natural de aprendizagem. Negar isso pode causar desgosto do novato pelo hobby.
O mesmo ocorre quando o jogador é experiente, mas o jogo é novo. É normal você se lembrar de uma regra assim que passou a jogada. Que caso tivesse se lembrado antes, perceberia o brutal erro cometido. Em um grupo com bom acervo de jogos, a variedade de regras pode confundir até os membros mais experientes.
Quando a jogada infringe as regras do jogo e ainda favorece o jogador, não há o que discutir. Voltar a jogada passa a ser obrigatório, caso possível.
Esqueceu de coletar recompensas da jogada
Uma desvantagem dos jogos analógicos frente aos digitais é a falta de automatização de setup ou dos incomings da rodada. Em jogos como Terra Mystica e Projeto Gaia, uma jogada pode gerar muitas recompensas tanto em PVs como em recursos, além das recompensas por interação.
Em uma partida de mais de três horas, é normal esquecer de algo. Quando o jogador se lembra, caso não tenha passado muito tempo e seja óbvio para os demais jogadores, não custa nada permitir que a devida recompensa seja coletada.
Quando prejudica algum dos demais jogadores ou da partida toda
Pode ocorrer do jogador querer voltar a jogada dele após o jogador da próxima vez já ter iniciado seu movimento. Mas, a mudança do lance do primeiro jogador interfere a ponto de alterar a jogada do próximo.
Ou ainda a pessoa não se lembra exatamente como estavam as peças no começo do seu turno. Normal em jogos como Tikal, que permitem muitos movimentos. Nessas situações voltar a jogada pode ser muito prejudicial para a partida como um todo.
Voltar a jogada, um mal necessário?
Uma opção mais simples é nunca permitir voltar a jogada. Isso pode funcionar muito bem em grupos experientes e coesos. A regra de torneio “peça tocada é peça mexida” torna as coisas mais sérias, embora eleve a Paralisia de Análise.
Nos esportes não é permitido voltar uma jogada ruim. O frango de um goleiro ou a dupla falta de um tenista pode fazê-lo perder um jogo. Não importa se o esportista é inexperiente ou se o equipamento que está usando é novo. Mesmo em jogos amistosos, desconsiderar a jogada ruim nem é cogitado pelos participantes.
Por outro lado, nos esportes tem o aquecimento pré-jogo. Nessa fase de aquecimento, toda jogada certa ou errada é desconsiderada e permite se preparar para o desafio. Para os jogos de tabuleiro, um “aquecimento” só faz sentido em jogos novos, para testar como o jogo flui na prática e fixar as regras. Mesmo assim, raramente permite uma visão completa do jogo.
Eu vejo a desconsideração de uma jogada algo necessário como fase de aprendizado. Principalmente quando há jogadores novatos, mas desnecessária quando todos já são experientes. Nesse último caso, uma eventual vitória pode ser malvista pelos demais, ou virar motivo de chacota.
E para seu grupo, como funciona voltar a jogada? Deixe suas considerações nos comentários e até a próxima!