Publicado em junho 6th, 2019 | por Renato J. Lopes
Contato Imediato: Bora Bora
Voltando mais uma vez com um texto de primeiras impressões e desta vez é Bora Bora de Stefan Feld. O autor é com certeza um dos mais profícuos autores de board games. Seus jogos dão prioridade à mecânica, em relação ao tema, o que pode incomodar algumas pessoas. Mas, sua genialidade aparece em cada jogo de forma, diferente. Joguei pela primeira vez Bora Bora, um dos seus jogos melhores ranqueados (123º na Ludopedia e 169º no BGG). Vamos falar um pouco mais sobre ele.
O tema
Apesar das mecânicas do jogo não estarem diretamente ligados ao tema, como a maioria dos jogos do Feld, vamos falar resumidamente sobre o do jogo. No jogo, estamos no arquipélago de Bora Bora, viajando por suas ilhas com homens e mulheres da tribo. Ali, tentaremos reunir conchas para trocar por jóias, orar para os deuses para conseguir fazer pontos e vencer o jogo.
O jogo
Bora Bora é um jogo de alocação de dados que acontece em 6 rodadas. Existem espaços próximos ao tabuleiro, onde são colocados os dados dos jogadores. O dado a ser colocado no espaço, precisa sempre ser menor que o colocado ali anteriormente. Mas, o número do dado determina a potência e o local de cada ação.
As ações do jogo são: viajar por terra ou mar para expandir sua vila, colocando uma cabana, adquirir um homem ou mulher para sua tribo, construir pagando recursos, trocar o valor do dado por itens e colocar um sacerdote no templo.
O interessante é a forma como as ações estão ligadas entre si. Por exemplo, você constrói, mas para isso precisará de recursos que conseguirá construindo cabanas ou trocando pelo valor do dado. Para colocar homens e mulheres, você precisa expandir suas cabanas, para liberar espaço para eles sem seu tabuleiro.
Ao construir ou colocar um sacerdote, ganha um bônus de fogueira, que pode dar uma carta de deus ou uma oferenda, ou ganhar uma tatuagem ou concha. As tatuagens possuem uma trilha que dão pontos e mudam a ordem de turno e as conchas permitem comprar as jóias que darão pontos no final do jogo.
Existem ainda as cartas de deuses que são ativados quando elas são descartadas junto com uma oferenda. Os deuses ajudam a quebrar ou mudar alguma regra do jogo.
A rodada
Dentro do contexto, a rodada acontece em 3 fases: A, B e C.
Na fase A, acontece a rolagem dos três dados dos jogadores que em seguida, vão selecionar uma ação por vez com seus dados e realizá-la.
Na fase B, cada jogador poderá ativar um homem e uma mulher, sendo que se ele possuir homem ou mulher idênticos, eles se somam para fazer uma ação mais poderosa. Os bônus podem ser pontos, recursos ou ações.
Na fase C, acontece a ativação da parte direita do tabuleiro: a de tatuagem dá pontos e muda a ordem de turno. O templo dá pontos para quem tem sacerdotes lá e um token de deus.
Ainda acontece a compra de jóias e o cumprimento de tarefas. Estas são como objetivos que são pontuados ao final de cada rodada, apenas um por vez. Os requisitos não são gastos, apenas é preciso tê-los para pontuar.
Pontuação
Além dos pontos conquistados durante o jogo, existe ainda na última rodada a possibilidade de concluir as últimas tarefas. Em seguida, cada jogador pontua por ficha de deus não usada, pelas fichas de peixe dos locais onde ele tem uma cabana e os pontos das fichas de jóia.
Por último, os jogadores ganham 6 pontos pelos lugares que conseguiu concluir com o máximo de eficiência. Se tiver 9 fichas de tarefas completas, 6 peças de jóias, os 12 espaços de cerimônia, as 6 fichas de construção, cabanas nas 12 regiões e ter peças nos 12 espaços de homem e mulher.
Pontos fracos, pontos fortes
O ponto fraco fica por conta da sorte. É um dos jogos do Feld com mais dependência de sorte, mesmo com possibilidades de mitigá-la. Outro ponto, é a falta de tema, mas nos jogos do Feld, isso é costume.
Os pontos fortes ficam por conta das mecânicas amarradas umas com as outras, a arte e produção incrível e a jogabilidade e interação indireta entre os jogadores. Com certeza um dos melhores jogos do autor.
Considerações
Sem muitas regras, mas com uma profundidade estratégica e tática gigante, Bora Bora merecia vir para o Brasil. Tudo está ligado! Uma ação influencia a outra, que influenciará as outras ações e assim por diante.
É o tipo de jogo em que você tem que ficar de olho nos outros jogadores e por dois motivos. O primeiro, é que um jogador pode travar a ação que você deseja tanto fazer. Faça a ação ótima primeiro, pois evidentemente os outros jogadores poderão te atrapalhar. Segundo, é para tentar travar os outros jogadores. Às vezes fazer com que o outro jogador faça uma ação mais ou menos é melhor que você fazer uma boa e ele melhor ainda.
Tenha sempre as cartas dos deuses e oferendas, pois elas vão dar um bom gás e resolver o problema de ficar preso em alguma ação.
Como toda salada de pontos, é importante tentar pontuar em alguns lugares muito bem para focar sua maior pontuação e ter alguns lugares de pontuação complementar.