Imersão BG: Blood Rage e a fúria viking
Fala, galera! Neste pequeno texto irei apresentar algumas informações que irão auxiliar na imersão do jogador em Blood Rage da Galápagos Jogos, citando ao fim algumas boas fontes de pesquisa.
Os Vikings
Cena da série Vikings
Toda temática de Blood Rage ocorre dentro do cenário da cultura Viking, especificamente em alguns de seus mitos e lendas. Adorados pela cultura ocidental, os vikings eram guerreiros, invasores e exploradores de natureza marítima. Eles viviam nas regiões que hoje existem os países conhecidos por Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia.
Logicamente, a fama dos vikings se estabeleceu no tempo atual por sua ferocidade e habilidade em guerra. O lado pilhador e destruidor chama mais a atenção e surge como tema central em Blood Rage.
Entretanto, limitar os vikings a guerreiros sanguinários é vê-los em apenas uma face. Foram, em verdade, exploradores e colonizadores primitivos. Estudos modernos admitem a chegada dos vikings à América do Norte antes de Cristóvão Colombo. Eles foram os primeiros a conhecerem o país hoje chamado Groenlândia.
Em Blood Rage, o tema central do jogo está ligado em parte à tradição viking (pilhagem e batalhas) e à sua formação cultural (deuses, mitos e lendas) que serão abordados a seguir.
Os Nove Mundos
Infográfico dos Nove Mundos
Os nove mundos representam os lares dos seres da mitologia nórdica e estão parcialmente representados no tabuleiro de Blood Rage. Eles são sustentados pelas raízes e galhos da árvore-mundo Yggdrasil, situada no centro do tabuleiro. Em resumo os nove mundos são:
- Midgard – o mundo da humanidade;
- Asgard – o lar dos deuses Aesir;
- Vanaheim – o lar dos deus Vanir;
- Jotunheim – o lar dos Gigantes;
- Nilflheim – reino de gelo e frio;
- Muspelheim – reino de fogo e calor;
- Alfheim – lar dos elfos;
- Svartalfheim – lar dos anões;
- Hel – lar da deusa Hel e dos mortos.
No tabuleiro de Blood Rage existem referências diretas aos nove mundos, mesmo de forma pequena. É necessário, entretanto, salientar que o tabuleiro do jogo é imperfeito no quesito mitologia nórdica e, por questões de jogabilidade simplificou e misturou mundos e conceitos. Nem todos têm ligação direta e verdadeira com a mitologia nórdica. É possível notar a existência de Yggdrasil, Muspelheim (como parte do reino de gelo Jotunheim), Alfheim e Manheim. As demais denominações no tabuleiro do jogo se referem a itens ou tradições menores da cultura nórdica.
É relevante destacar o nome da província de Angerboda, que na mitologia nórdica é uma Gigante que se relacionou com Loki e mãe de Fenrir (o lobo que no Ragnarok destruiu o sol, a lua e matou Odin). Jormungand (a serpente gigante que circunda o mundo de Midgard, no Ragnarok irá morrer e matar Thor) e Hel (a gigante que controla o mundo dos mortos).
Odin
A imponência de Odin
Um dos maiores nomes da mitologia nórdica, Odin é o líder dos Aesir (uma tribo de divindades) e do seu reino Asgard, ele é o rei do Valhalla. Apesar de ser um grande guerreiro, Odin é um ser que busca o conhecimento desde o seu nascimento. Sacrificou um de seus olhos para receber conhecimento do poço de Mimir. Em outra ocasião, se enforcou na árvore Yggdrasil, ficando lá pendurado por nove dias e nove noites. No final, recebeu o conhecimento sobre as runas (antiga escrita nórdica), ressurgindo mais forte e poderoso. No Ragnarok será morto pelo lobo Fenrir e vingado por seu filho, Vidar.
Thor
Thor em batalha
Esqueça a figura loira das histórias em quadrinhos. Thor era na verdade um homem ruivo. Thor possuía coragem e bravura incomparáveis, mas, na mitologia nórdica era retratado também como alguém não muito inteligente (digamos que seu martelo falava em seu nome).
Inimigo mortal dos Gigantes, possuía como principal antagonista a serpente gigante Jormungand. Os seus destinos foram selados no Ragnarok, tendo Thor ferido mortalmente a serpente, mas tendo sido atingido por seu veneno.
Thor possuía um cinto mágico que duplicava seu poder. Seu artefato mais famoso era o martelo Mjöllnir. Ele foi produzido por anões como forma de presenteá-lo. Entretanto, o cabo mais curto do martelo fora um acidente durante a forja, provocado por Loki.
Loki
Uma representação de Loki
Loki era provavelmente, o mais astuto e estratégico deus presente em Asgard. Sempre que Odin precisava de um serviço feito com astúcia ou ardilosidade, convocava Loki. Conhecido por sua capacidade de transformação (poderia se transformar no que quiser), Loki ficou marcado na mitologia nórdica por seus atos maquiavélicos, como a morte de Baldur, por exemplo.
Após inúmeros atos terríveis, foi aprisionado pelos deuses em uma caverna e, constantemente gotejava veneno em seu rosto. Sua fuga dá início ao Ragnarok.
Frigga
Frigga
Frigga (ou na grafia Frigg) é a deusa aesir de maior classe e esposa de Odin. É constantemente relacionada com sabedoria, doçura e beleza. Existem tradições modernas que tentam provar que Frigga e Freya (deusa vanir) são na verdade a mesma divindade, mas essa teoria ainda não é predominante.
Tyr
Grande Tyr
Tyr é comumente aclamado como o deus da guerra nórdico. Mas, muito além disso, era o deus nórdico que representava os ideais de justiça, lei e guerra. Em sua última tentativa para prender o lobo Fenrir, perde a mão direita, em um ato de bravura e resiliência. No Ragnarok encontra seu destino final juntamente a Odin, em uma batalha contra Fenrir.
Heimdall
Heimdall
Heimdall é um deus aesir e o vigilante eterno de Asgard. Sua habitação fica no topo da Bifrost, a ponte de arco-íris que leva à entrada de Asgard. Heimdall é o portador da trombeta chamada Gjallarhorn e, a toca para avisar que o Ragnarok se aproxima. No Ragnarok, Heimdall luta contra Loki e ambos morrem.
Ragnarok
A batalha final
O Ragnarok, tantas vezes citado no jogo é o capítulo final do ciclo mítico apresentado até aqui. Nele, os deuses lutam contra monstros e gigantes, e sucumbirão em uma batalha sangrenta.
Seu início se dá no começo da história, quando os deuses aprisionam os filhos de Loki (Fenrir, Hel e Jormungand) enchendo-os de ódio e desejo de vingança. Porém, seu estopim final ocorre com a prisão de Loki em uma caverna, na qual uma cobra goteja veneno em seu rosto sem parar. Quando Loki consegue fugir, reúne todos os gigantes para a batalha final.
Thor e Jormungand se matam em batalha, assim como Heimdall e Loki, Freyr (um deus não representado no jogo) e o gigante de fogo Surt (o mesmo gigante do fogo da miniatura). Fenrir consegue matar Odin e Tyr, mas acaba derrotado pelo filho de Odin, Vidar. Após a intensa batalha o mundo se enche de escuridão, que logo se transforma em luz e um novo ciclo recomeça.
No jogo, o Ragnarok se faz presente na destruição gradativa das províncias do jogo.
Valhalla
Eis o descanso eterno
O Valhalla, referência básica no jogo, é o salão no qual Odin recebe os guerreiros mortos que merecem, por sua bravura, viver com ele. A vida no Valhalla é bastante esplendora aos vikings. De dia podem lutar até a morte, à noite seus ferimentos se curam e eles podem participar de um banquete infinito.
Logicamente, a figura de Odin como deus supremo do Valhalla é explicada por seu desejo de compor uma fileira de bravos guerreiros para o Ragnarok que chegaria.
Aqueles que morressem em batalha e de forma brava, poderiam entrar no Valhalla. Eles seriam resgatados dos campos de batalha pessoalmente pelas Valkyrias (que também são representadas no jogo), guerreiras leais a Odin.
Os que morriam de outras causas (doença e velhice, por exemplo) eram remetidos ao reino de Hel (lar dos mortos).
No jogo, essa dinâmica é explicada de forma que as miniaturas presentes no Valhalla valem pontos extras ao jogador, principalmente os mortos no Ragnarok apresentado pela destruição de uma província.
Pontos Finais sobre Blood Rage
Logicamente, a mitologia nórdica não se limita ao explicado aqui. Fiz um apanhado rápido e básico, para melhorar o entendimento dos que jogam este belo jogo. A imersão que esse jogo propicia é algo fantástico. Quanto mais se desfrutar disso, melhor ficará sua jogatina.
Caso tenham interesse em aumentar esse conhecimento cito algumas fontes:
- Livro – Mitologia Nórdica – Neil Gaiman.
- Livro – Deuses, monstros, heróis: ensaios de mitologia e religião viking – Johnni Langer.
- Livro – A saga dos Volsungos – autor anônimo.
- Site – https://norse-mythology.org/
- Série – Vikings (disponível no Netflix)
Aceito críticas e espero que tenham gostado.
Abraços!
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