Publicado em março 20th, 2019 | por Gilberto Guerra
Apelo Nostálgico x Culto ao Novo
Na maioria dos hobbies temos a disputa do clássico contra o novo. Com o amadurecimento do hobby de board games, tal disputa fica cada vez mais nítida. O mercado brasileiro possui opções clássicas e novas (várias delas recentes por aqui). A pressão dos consumidores para que editoras nacionais tragam os clássicos faltantes e as últimas novidades aumenta a cada ano. E você é do time nostalgia ou culto ao novo?
Preferência pelos clássicos: nostalgia, simplicidade e opiniões consagradas
O gosto pelo clássico pode estar ligado à nostalgia, que é uma saudade idealizada. É sentir falta de uma sensação ou sentimento que foi a causa de felicidades no passado. Mas, isso é impossível repetir plenamente no presente.
Alguém pode ter Catan entre seus jogos favoritos, pelo mesmo ter sido jogado no início do hobby com seus melhores amigos. Além de ter sido fonte de grande diversão pela novidade. A sensação nostálgica perde força se o Catan for trocado por um jogo mais novo.
Da mesma forma, a preferência por ameritrashes, que utilizam de mecânicas clássicas, pode estar ligada a saudade das noites de campanhas de RPG. De uma época antes das responsabilidades da vida adulta, em que era mais fácil manter contato com os amigos. A escolha por nostalgia é estritamente pessoal. Isso pode tornar difícil conseguir um grupo coeso, já que nem todos podem compartilhar o sentimento.
Além do fator nostálgico, também tem a simplicidade. Jogos como Tikal, Carcassonne e Ticket to Ride, por exemplo, são conhecidos pela simplicidade mecânica e profundidade estratégica. Isso os torna ótimos gateways, e com maiores chances de verem mesa, em diversos tipos de grupos.
Jogos com mais de 10 anos e que ainda continuam liderando as listas de jogatinas e de itens de coleção são ótimos. Podem até não estar de acordo com seu gosto particular. Mas demonstrar tal longevidade nesta era que somos bombardeados com novas informações é digno das páginas históricas do hobby.
Preferência pelo novo: complexidade, Culto ao Novo e surfando a onda do hype!
São raros os jogos de grande complexidade mecânica criados antes de 2010. Com exceção de Twilight Imperium, não conheço outro com tamanha longevidade e que pode ser chamado de clássico. Dessa forma, quem tem preferência com complexidade mecânica, tende a buscar jogos mais novos.
O Culto ao Novo está na sensação de que o jogo mais novo sempre é melhor do que o anterior. Está diretamente ligado ao hype, como já descrito nesse artigo. A qualidade do jogo fica em segundo plano, quando influenciado por uma hype artificial.
A preferência estética é outro fator que influencia. Jogos mais novos, mesmo os euros de curta duração, tem buscado o aprimoramento dos componentes. Mesmo jogos clássicos como Tikal, tem sido reeditados com relevante melhora de peças. Brass e Endeavor, além de melhorar a parte estética, ainda alteraram regras para agradar o público do clássico e do Culto ao Novo.
Equilíbrio entre as escolhas
O ideal é ter em mente que há jogos bons ou que não coincidem com seu gosto, tanto nos clássicos quanto nas novidades. A escolha do jogo a ser comprado exige muita pesquisa, como já discutido aqui. Com a atual avalanche de boas opções no mercado todo ano, os desafios dos jogos novos para se manterem lembrados é cada vez maior.
Nas análises realizadas ultimamente, é quase unanimidade que o Brass Birmingham é superior ao Lancashire (nova versão do original), por conta de novas regras. Por outro lado, a opinião sobre qual versão de Civilization é melhor pende para o lado da edição de 2010. Apostas de que tal lançamento aposentaria um anterior já bem qualificado, surgem sempre. Mas, poucas se concretizam.
Obviamente, pela quantidade de tempo no mercado e de opiniões já formadas, a escolha pelo clássico é mais segura caso haja empate em seus critérios utilizados.
Veja o caso de Terra Mystica. Ele foi por mais de 50 semanas seguidas líder do ranking da Ludopedia. Agora há quem diga que ele irá cair no esquecimento com o surgimento de Clãs da Caledônia e Projeto Gaia. Se é verdade ou não, só o tempo dirá. Tempo este que os jogos clássicos já superaram.
Qual a sua preferência: jogos clássicos e novidades? Possui alguma aposta ou descrença em substituição de um quase clássico por alguma novidade? Deixe suas considerações nos comentários e até a próxima!