Publicado em dezembro 14th, 2016 | por Rafa Almeida
Blood & Honor: um jogo de tragédia Samurai
Blood & Honor é um RPG sobre samurais de John Wick, figurinha velha e conhecida no mundo dos jogos de interpretação de personagens. E este não é seu primeiro trabalho sobre o mundo oriental e toda sua cultura, ele foi o criador do cenário de Rokugan, cenário onde se passa o RPG Lenda dos Cinco Anéis. O sistema foi publicado em português pela RedBox Editora, e não se trata apenas de histórias genéricas de samurais e toda a sua honra. Trata também é uma verdadeira viagem à cultura oriental e toda sua magia e mistério.
Não é fantasia oriental
O jogo não é fantasia oriental, mas retrata fielmente a história do Japão, como um jogo de tragédia samurai. Ele não é 100% coerente com a história japonesa, mas existe um comprometimento muito grande em recriar o cenário. As ilustrações são fantásticas e remetem às obras de arte da época. Inclusive, todas elas foram produzidas a partir da coleção de pinturas da biblioteca do congresso norte americano.
Sendo um jogo de tragédia, o foco do sistema não está nos combates e lutas armadas, apesar de isso existir, ele é um jogo mais interpretativo. Os maiores conflitos acontecem dentro do âmbito pessoal do personagem em sua luta moral para viver uma vida honrada.
Não é que não seja possível acrescentar elementos de fantasia no jogo, pode-se inclusive adicionar magia. Existe um capítulo que trata disso e até monstros mitológicos, mas mesmo que existam esses elementos, o foco ainda vai estar nas intrigas e conflitos pessoais.
A mecânica do jogo
O jogo tem como base a mecânica de narração compartilhada, ou seja, ele fornece ferramentas para que a história seja contada de forma fluida e coerente. Inclusive, durante os turnos os jogadores têm o poder de influenciar a história, narrando suas próprias ações. Quando um combate acontece, assim como na maioria dos filmes samurais, são necessários poucos movimentos. A luta é muito rápida e o que sobra são apenas corpos jogados pelo chão.
A história gira em torno dos clãs samurais, jogadores podem criar e fazer a manutenção destes clãs aos quais os personagens fazem parte. Isso lembra Guerra dos Tronos, em que a família tem um nível de importância mais elevada que o personagem em si propriamente dito. Os jogadores representam posições dentro do clã e juntos devem decidir como será o crescimento e evolução das coisas.
A criação do clã
A criação do clã é a parte mais demorada e detalhada do sistema por motivos óbvios. Existem regras para mudanças de estação durante o ano e isso influencia na produção agrícola. Também existem regras para construção de estabelecimentos e acordos comerciais para aumentar o poder e riqueza do clã, ligação perigosa ou alianças com clãs vizinhos, já que conflitos entre clãs ocorrem frequentemente.
Os clãs têm virtudes e pontos negativos. Cada jogador decide algo sobre o clã. Alguma história que passa automaticamente a ser verdade na história, como por exemplo: alguma maldição, ou um filho assassinando o pai para se tornar líder, ascensão de uma mulher a samurai disfarçada e tudo mais que sua criatividade mandar.
Criação de personagens
A criação dos personagens é muito simples e objetiva. Inclusive, o jogo tem a tendência de achar que os personagens podem morrer a qualquer momento. E acredite, isso acontece de verdade! Duelos e massacres acontecem e os personagens envelhecem.
O quesito idade é um fator determinante no jogo, nem sempre sua velocidade vai ser a mesma. Apesar de sua sabedoria aumentar, nem sempre ela pode ajudar no caminho da espada. No caso de morte de personagem, os jogadores sempre são realocados com outros dentro do mesmo clã e isso é natural no jogo.
A edição da Redbox é linda. Tem dados personalizados, uma caixa bem bacana que dá para guardar tudo. Cartas de referência, um mapa colorido da região e um resumo das classes. O mapa contém as províncias japonesas em meados do século XVI.
Blood & Honor é um jogo imersivo e muito divertido. Eu recomendo a todos que gostam da cultura oriental, que gostam de jogos mais interpretativos e principalmente de narrativa compartilhada. O jogo tem uma pegada bem menos heróica do que A Lenda dos Cinco Anéis ou as Aventuras Orientais de D&D. É possível inclusive, aprender sobre a cultura japonesa jogando o jogo. Vale a experiência!
Espero que tenham gostado ronins. Como sempre, curtam nossas redes sociais e interajam com a gente sempre que quiserem. Quanto mais melhor!
Um bom jogo e um sucesso decisivo a todos!