IKI – review em vídeo e escrito
Confira um overview em vídeo sobre o jogo IKI, lançado por aqui pela Conclave Editora. O jogo é uma uma reimplementação do jogo Edo Craftsman Story, com uma nova arte.
Renato J. Lopes passa pelas regras e dá suas considerações sobre o jogo. Confira abaixo o nosso review em vídeo de IKI e logo abaixo o escrito.
Review IKI: o rondel da sofrência leve
IKI é um jogo que estava totalmente fora do meu radar. Mas, ao ver ele chegando e pesquisando melhor, me pareceu uma grata surpresa. Será que ele é realmente um bom jogo?
Bora conferir com a gente nossas impressões sobre esse jogo, que me lembrou o saudoso In The Year Of The Dragon, do Stefan Feld.
Componentes e produção
Tudo muito bem feito e produzido. Desde o tabuleiro geral, os dos jogadores, cartas e punchboards com ótima qualidade. Como todo jogo poderia ser. Manual bem feito, com alguns errinhos de revisão, mas que é bem fácil de aprender a jogar somente com ele.
Como se joga
O jogo acontece em 13 rodadas, que corresponde a um ano jogado e à celebração do ano novo. Vamos realizar ações em cada uma das estações do ano, sendo que no final de cada estação existe uma colheita que dá pontos e precisamos alimentar os nossos especialistas.
O seu objetivo é se tornar o Edoite do ano, melhor personificação do que é conhecido como “IKI”. O que é “IKI”? “IKI” é uma filosofia antiga, que se acredita ser a forma ideal de viver entre as pessoas em Edo.
As rodadas funcionam em 3 fases: (A) a primeira onde colocamos o nosso meeple Ikizama (o que tem chapéuzinho), numa disputa para ver quantos espaços vamos movimentar o nosso meeple Oyakata (o que usa saia). Pode ser de 1 a 4 espaços.
Quem está mais avançado na trilha de combate ao fogo começa, sendo que o desempate é quem está com o seu marcador mais acima. Depois que todos posicionam o seu Ikizama, a partir de quem está mais a frente nessa nova trilha, vai seguir para a próxima etapa (B).
A etapa B tem alguns passos. O primeiro é decidir entre receber 4 de dinheiro ou adquirir um novo personagem. Caso o jogador tenha posicionado seu Ikizama no espaço especial “1-4 espaços”, ele só recebe 1 moeda e pula essa etapa.
Se contratar um personagem, ele paga o custo indicado na carta e o coloca em um dos espaços do tabuleiro principal com um dos seus meeples kobum (os menorzinhos) na primeira posição da carta. Se colocar nos 4 cantos centrais, ele precisa pagar a mais 2 mons (dinheiro).
Na sequência, ele move o seu Oyakata a quantidade de espaços exata indicado pelo espaço onde alocou o seu Ikizama. Caso ele queira andar mais, pode pagar 1 sandália por espaço a mais. O Oyakata sempre se move em sentido horário, conforme indicado pelas setas.
Caso ele passe pelo primeiro espaço novamente, o jogador aumenta a experiência de todos os seus kobuns nas cartas, movendo ele um espaço acima na carta. Caso ele alcance o espaço redondo, ele retira a carta do tabuleiro principal e posiciona em seu tabuleiro particular, de acordo com a cor da carta. Esse personagem agora está aposentado. O kobum na carta, volta para o tabuleiro do jogador.
Onde o jogador terminar o seu movimento do Oyakata, ele pode fazer a ação do espaço e uma ação de um dos dois personagens naquele espaço de mercado.
Na sequência, o jogador retira o seu Ikizama do tabuleiro e acontece a terceira fase, o evento que tem algumas possibilidades.
Nos meses 1, 2, 4, 7 e 10, são colocadas moedas sobre as cartas de personagens que não foram comprados e são abertas 4 novas cartas de personagem.
Nos meses 5, 8 e 11 acontece o incêndio. É tirado um tile de incêndio que indica onde ele vai acontecer. A partir da ponta, o incêndio ataca. Se houver algum personagem ali, se olha para a trilha de combate a incêndio. Se o jogador dono do personagem possuir mais força do que o número do incêndio, ele termina ali. Caso contrário, o personagem sai de jogo e o fogo continua, reduzindo um de força a cada espaço que ele anda. Ele termina se alguém conseguir combatê-lo ou se chegar na esquina daquele prédio.
Já nos meses 3, 6, 9 e 12 tem o dia do pagamento. Primeiro saem de jogo todas as peças e cartas da estação correspondente (exceto no mês 12 que as peças ficam). Depois os jogadores recebem a receita de seus personagens, de acordo como espaço onde seus kobuns estão nas cartas e nos personagens aposentados.
Na sequência existe a pontuação por harmonia. Isso acontece em cada um dos 4 blocos do tabuleiro central e também no bloco composto pelas 4 cartas das esquinas dos prédios. Cada bloco que possuir ao menos 2 personagens do mesmo tipo, pontuam. Cada carta dá a seu dono, 1 ponto por cada carta daquela cor, indepentende do dono.
Por exemplo, se em um bloco houverem 3 cartas amarelas, sendo 2 são do jogador azul e 1 do amarelo, o jogador azul recebe 6 pontos (3×2) e o amarelo 3 pontos (3×1).
Por fim, se paga 1 de comida por cada carta de personagem daquele jogador ativa no tabuleiro central.
Final de jogo
Ao final da 12ª rodada, os jogadores recolhem os seus Okaykata. Na 13ª rodada, os jogadores vão fazer uma última ação, posicionando o seu meeple em qualquer lugar do tabuleiro principal (de acordo com a trilha de combate ao fogo), fazendo as respectivas ações. Depois disso o jogo termina e acontece a pontuação.
Os jogadores somam os pontos que fizeram durante a partida, a quantidade diferente de cartas de personagem que conseguiu contratar (incluindo aposentados e ativos), os peixes diferentes, as trouxinas de tabaco (que se possuir ao menos um cachimbo, duplica todas as pontuações do tabaco), os pontos das edificações e alguns recursos, 3 IKI por Koban (moeda dourada) e 1 IKI por Madeira e cada 4 mons (dinheiro).
Quem tiver mais dinheiro vence. O desempate acontece na trilha de combate ao fogo.
O que achei de IKI
Como disse lá no começo do review, era um jogo fora do radar. Logo, foi uma grata surpresa quando ele foi pra mesa e se mostrou um jogo mais profundo do que o esperado.
Ele mistura rondel, set collection, seleção de cartas em estações e eventos que muito me lembrou os jogos do Stefan Feld, como In The Year Of The Dragon. Ambos acontecem durante um ano e os jogadores passam por desafios e perigos ao longo da partida, precisando se proteger das desgraças.
Em IKI isso é mais leve. Dá pra você se proteger dos incêndios, colocando seus personagens nas regiões internas, deixando as beiradas para os mais avançados na trilha de combate ao fogo. Claro, nem sempre isso é possível, até porque em algumas partidas, os jogadores não focam tanto ali.
A comida é outro fator que você precisa pagar, mas se você aposentar os seus personagens antes da fase de alimentação, tá tranquilo.
Uma coisa é certa, não dá pra fazer tudo de forma completa. Você não vai conseguir ter um monte de alimentos e subir na trilha do fogo totalmente. Assim como uma série de ações do jogo que te colocam a cada rodada em encruzilhadas de decisões.
Contrato um especialista ou pego 4 mons? Pago 2 a mais para proteger o personagem nos espaços do centro ou vai ser um dinheiro que vai fazer falta?
Uma coisa é certa: você tem que a cada rodada tomar a melhor decisão. Mesmo que trace uma estratégia a longo prazo, grande parte do jogo é tática e situacional. Em especial o uso dos personagens, pois eles podem se aposentar antes de você chegar nele e fazer a ação novamente.
Para quem tem os personagens, é uma ótima coisa, pois eles fornecem uma receita mais interessante e te economiza de pagar uma comida. Em vários momentos isso me salvou de ter que pagar uma gorda quantidade de comida.
É um ótimo jogo para quem gosta de euros apertados com uma boa pitada de tema e uma sofrência de leve. Se você gosta de rondel, set collection e tema Japão no período Edo, está perdendo seu tempo se ainda não jogou IKI.
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