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Publicado em fevereiro 20th, 2018 | por Emmanuel Deodato

Imersão BG: London (Second Edition) Calling

Fala galera! Na coluna de hoje iremos falar de um jogão, ainda não lançado por nossas terras: London (Second Edition). Ele é uma criação do famoso designer Martin Wallace, da editora Osprey Games.

Vamos entender o período no qual se passa o jogo e o acontecimento marcante que motiva sua imersão: o Grande Incêndio de Londres, no ano de 1.666.

É preciso reconstruir a cidade e ao mesmo tempo, garantir seu desenvolvimento e assistência aos inúmeros desabrigados. A pobreza da população se torna um dos principais pontos a serem solucionados. Acompanhe nossa nova coluna repleta de citações britânicas. Não, a do título não será a última!

A Londres da época

Uma pintura retratando o horror que durou mais de 3 dias

Após o ano de 1.660, Londres despontava como a maior cidade britânica. Havia aproximadamente, quinhentos mil moradores, uma quantidade absurda para a época.

O escritor inglês John Evelyn, já dizia que a cidade parecia “um agrupamento desorganizado de casas de madeira”. Ou seja, uma dica que problemas futuros poderiam assolar os bairros.

A cidade, ainda detentora de uma estrutura bastante medieval, já provara diversos incêndios anteriores (os mais grandiosos em 1.135 e 1.212). O mais próximo era o de 1.63 e a única área construída com pedras era o centro da cidade. Enquanto isso, os bairros mais pobres eram todos construídos de madeira, propiciando esse tipo de acidente.

Em 1.665, a cidade experimentou uma tragédia sanitária chamada de a Grande Praga de Londres. Estima-se que cem mil habitantes tenham morrido por peste bubônica, na época.

Bem, superando o evento da Grande Praga, os londrinos tinham esperanças de que o ano seguinte, 1.666 seria melhor e sem alardes. Estavam enganados.

O Grande Incêndio começa

A cidade sendo devastada. Créditos The Telegraph

O grande incêndio se iniciou na padaria de Thomas Farriner (ou Farynor), padeiro do Rei Charles II, em Pudding Lane. Isso ocorreu após a meia noite do domingo, dia 2 de setembro de 1.666, tendo o fogo se espalhado rapidamente.

Ainda que o senhor Farriner tenha alegado que conseguiria conter o fogo, algumas horas depois sua casa já estava completamente tomada. O fogo se espalhou de maneira surpreendente, pulando de casa em casa. Ele atingiu, pouco tempo depois, a marca de 300 casas destruídas.

Nas ruas, o sentimento de encontrar o culpado acabou gerando rumores falsos de que os franceses e holandeses estariam por trás do tal ato. Chegando a ocorrer inúmeras agressões e linchamentos a pessoas.

O combate de incêndio na época se fazia bastante precário. Demoliam-se construções próximas ao foco do incêndio para evitar que se alastrasse. E nesse ponto existem críticas ao comportamento do então prefeito de Londres (Lord Mayor of London) Sir Thomas Bloodworth.

Relatos da época, demonstram que mesmo diante da gravidade do incêndio na madrugada de domingo, o prefeito negou as medidas de contingência (demolições) necessárias em conformidade com os bombeiros.

A negativa aconteceu por conta das estruturas necessárias para a demolição, serem alugadas e seus proprietários não foram encontrados para opinar. Na tarde de domingo, o fogo já havia se espalhado de maneira cruel e drástica. Foi quando o Rei Charles II, realizando uma inspeção de barco, percebeu que as construções não haviam sido demolidas ainda. Um grave equívoco.

Com sua ordem, as demolições tiveram início na noite de domingo, mas se mostraram infrutíferas. O fogo já estava completamente fora de controle e criara uma condição climática como uma tempestade de fogo.

O Grande Incêndio em seu ápice: o que restou após a tragédia

A área total do incêndio marcada em rosa no mapa

Com um vento forte perdurando ao longo dos dias, o cenário se complicou intensamente.

Na segunda-feira, dia 3 de setembro, o fogo se alastrou para o norte da cidade. Havia um temor que o fogo ultrapassasse a Ponte de Londres e chegasse ao bairro de Southwark. Assim, ele ia se expandir para ambos os lados do Rio Tâmisa. Entretanto, apesar de algumas fagulhas alcançarem o bairro, elas foram rapidamente controladas e nada houve de dano.

Na terça-feira, dia 4 de setembro, o evento atinge seu apogeu. É o dia marcado como o das grandes destruições.

Atravessando a famosa Cheapside, o fogo não se incomodava com as construções, propulsionado pelo incessante vento. Muitos se abrigaram na conhecida Catedral de São Paulo por ser uma construção de pedra e oferecer proteção contra o fogo.

Mas, na noite da terça-feira, o fogo atingiu a Catedral e consumiu seu telhado rapidamente. O entorno da igreja, outrora uma praça, se curvou às chamas e em pouco tempo não restava mais do que ruínas.

Na quarta-feira, dia 5 de setembro, o vento finalmente cessou e o fogo conseguiu ser contido. Apesar da ferocidade do evento, poucas mortes foram oficialmente confirmadas. Entretanto, cerca de 13.500 casas, 87 igrejas (incluindo a Catedral de São Paulo) e 44 prédios públicos foram completamente destruídos.

Um prejuízo estimado em £10.000,000 (algo aproximado a £1.55 bilhões atualmente), restando aproximadamente 100 mil pessoas desabrigadas.

Entre 29 e 30 de dezembro de 1.940, a cidade sofreria o denominado Segundo Grande Incêndio de Londres. O que na verdade, foi causado por um ataque aéreo devastador da famosa Blitz alemã. A área de destruição superou o Grande Incêndio original.

Um trabalho e um objetivo: reconstruir a cidade de Londres

O projeto de John Evelyn para a reconstrução. Um dos vários projetos não aceitos à época

Após a perda, era o momento de se reerguer. Dentro dos inúmeros projetos enviados, percebeu-se que a maior dificuldade seria calcular os danos e pagar os valores relativos à indenização a todos os proprietários.

Assim, preferiu-se seguir plano mais conservador e direto. Chefiado por Christopher Wren, o grupo reconstruiu os prédios públicos e 50 igrejas para repor a perda, inclusive aqui, a famosa Catedral de São Paulo.

Por fim, muito da estrutura antiga fora refeita, apenas aprimorando a higiene e o combate a incêndios. Também tornaram as ruas maiores e melhoraram os acessos aos bairros. As principais construções foram refeitas com pedras e tijolos, fugindo da problemática madeira.

Um monumento dedicado ao Grande Incêndio de Londres fora erguido, próximo ao epicentro da crise.

London (Second Edition): uma imersão quente demais

Tom Hardy (londrino, nascido em Hammersmith, uma das cartas do jogo), Bane (quebrador de colunas) e uma fala sobre fogo: tudo se interliga

London é um jogo repleto de imersão. O tema escolhido está presente na mecânica do jogo e nas cartas. No primeiro deck é possível encontrar cartas como Wren (sim, o chefe dos reconstrutores), obras hidráulicas, a Catedral de São Paulo, o Monumento do Grande Incêndio, entre outros. Aqui já se percebe o cuidado do designer em favorecer a história escolhida.

Ainda, é possível construir indústrias, o Corpo de Bombeiros e melhorias estruturais como iluminação pública e pontes. Amarre tudo isso ao sentimento de reconstrução e será possível imaginar a cidade nascer e crescer bem à sua frente. A sensação de crescimento no jogo é incrível.

Sem esquecer-se da principal mecânica do jogo, algo bastante punitivo dentro da partida: a pobreza. Imagine a reconstrução de Londres a partir de 1.666. Agora, imagine essa reconstrução com aproximadamente 100 mil pessoas desabrigadas. Elas não tinham local para morar, emprego ou qualquer perspectiva.

Essa realidade triste é colocada no jogo de uma maneira extremamente pontual. Conforme sua cidade cresce e você ativa seus benefícios, é preciso encontrar lugar para os que estão sofrendo.

Terminar com um nível alto de pobreza, irá limar de forma grandiosa seus pontos de vitória! É preciso equilíbrio, jogo de cintura, assim como deve ter sido à época.

Considerações finais: um jogo impecável com uma história incrível

Um pouco de gasolina para acalmar seus ânimos nesse jogão

 

Sim, eu sou culpado. London (Second Edition) é um dos meus jogos favoritos e subiu nesse patamar rapidamente. Com uma dinâmica incrível, o jogo se espalha na mesa com elegância. Artes belíssimas e mecânicas incríveis.

A sensação de crescimento no jogo, condiz com o propósito do tema. Afinal, estamos reconstruindo Londres e a cada rodada ela fica mais complexa e eficiente. A isso se soma o fator punitivo da pobreza: é preciso cuidar da cidade, mas também das pessoas. Bairros novos, infraestrutura melhorada e tudo mais, possibilita com que o crescimento se alie à necessidade humana.

London é um jogo fantástico, com tudo bem amarrado, mecânicas eficientes e uma história rica e que transborda na mesa.

Imersão BG

Obrigado como sempre a todos que passam aqui para ler e fazer seu comentário! É sempre uma felicidade ver a coluna no ar e muitas pessoas gostando do que foi feito.

Na próxima semana um pulo na Itália, conhecendo a história de uma das mais importantes famílias do mundo!

Abraços!

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