Notícias Imersão BG: Orléans e a França medieval

Publicado em outubro 24th, 2017 | por Emmanuel Deodato

Imersão BG: Orléans e a França medieval

Fala galera! Em mais um episódio da nossa coluna Imersão BG, prepare-se para explorar a Idade Medieval. Não, você não precisará enfrentar uma batalha sangrenta ou entrar na fila do carrasco. Conheça Orléans, do designer Reiner Stockhausen e explore o crescimento de uma das cidades mais importantes da França. A expansão deve ser equilibrada. Invista na navegação, no comércio, na produção de alimentos e se preocupe com o evento da rodada: peste ou impostos, qual chega primeiro?

Orléans

Vista da cidade e da Ponte George V


O jogo tem como base a bela cidade de Orléans, localizada no norte-centro da França. Sua posição geográfica favorável foi determinante para o crescimento do país, bem como de parte da Europa na idade medieval. Situada às margens do rio Loire, a cidade contou com um sistema de navegação favorável para seu florescer cultural e econômico. Recebeu inclusive, a denominação de capital intelectual durante o reinado de Carlos Magno.

A História de Orléans

A bela cidade e o rio Loire

A cidade fora primeiramente chamada de Cenabo, ou Cenabum, um dos principais redutos gauleses. Lá se realizava a assembleia anual dos druidas. Ela foi conquistada por Júlio César e construída pelos romanos. Como se vê em inúmeras construções e estilos presentes na cidade. Em determinado período fora reconstruída pelo imperador romano Aureliano, que a renomeou para Aureliano, ou Aurelianum.

Diversas nações passaram pelas margens do Loire, destacando-se os alanos e os vândalos. Inclusive, foi ponto de acampamento na batalha contra Átila, o Huno.

Durante a dinastia merovíngia, a cidade foi dominada por Clóvis I, tornando-se a capital do então reino de Orléans.

Mas, foi durante o reinado de Carlos Magno que a cidade atingiu seu ápice, sendo chamada de capital intelectual. O avivamento durante seu reinado foi sentido em diversas áreas como as artes, cultura e economia.

Graças aos esforços de Carlos Magno e de seu braço direito Teodulfo de Orléans, o ensino ganhou proporções únicas. Isso culminou anos depois, com a criação da Universidade de Orléans, sendo esta modelo base para diversas outras universidades na Europa.

A cidade passou por diversas guerras (entre guerras sociais e religiosas), dentre elas a Guerra dos Cem Anos. Em especial nesta guerra, um fato histórico é atrelado à cidade. Ela foi retomada pela famosa guerreira Joana d’Arc, após um cerco efetivo.

Na segunda Guerra Mundial, Orléans foi duramente bombardeada, necessitando de um processo de reconstrução gradativo e longo.

A Importância de Orléans para a Europa

Joana d’Arc e o cerco a Orléans

A cidade sempre foi um ponto estratégico na Europa, por estar às margens do rio Loire e devido a sua proximidade de Paris. Ainda na era medieval, haviam pouquíssimas pontes que cruzavam o rio Loire com segurança e uma delas se encontrava em Orléans. Com tudo isso, chegou a ser a terceira cidade mais rica da França.

Por todas essas características e por seu expansionismo cultural, científico e religioso, Orléans se tornou uma cidade de atividade comercial e cultural: era um ponto de convergência na Europa.


Orléans e o tabuleiro do jogo

O tabuleiro do jogo

O tabuleiro do jogo, além de simples e bonito, remete o jogador ao expansionismo vivido por Orléans. Cada ação representa algo importante para a cidade. As ações de alocação de trabalhadores no tabuleiro central se formam dentro do contexto da época. Cada uma delas tem relevância não apenas no jogo, mas também no tema.

fazendeiro é parte indispensável da economia, fornecendo alimentos básicos e produtos para serem comercializados. O artesão possibilita ao jogador aprimorar suas alocações (fornecendo engrenagens) e fortalece a expansão social da cidade. Tudo isso amarrado ao comerciante, afinal alguém precisa comercializar tudo isso e nada melhor do que fornecer novas mercadorias. Que tal fazer um vinho francês? Ou quem sabe queijos?.

 Com a importância já destacada de Orléans e sua proximidade com o rio Loire, o navegador tem importante função. Cruzar os rios negociando mercadorias. Nessa época era preciso um certo resguardo militar, possibilitado pelos soldados na ação de castelo. Com mais guardas, a cidade ficará mais segura e isso atrairá mais pessoas para ela. No jogo, a ação te permite retirar mais trabalhadores do pool.

 Ainda, não se pode esquecer do ensino, tão destacado na cidade pela Universidade de Orléans. O jogo não deixou passar, oferecendo a ação de universidade, que irá te possibilitar andar na trilha do desenvolvimento. Isso mostra que todo crescimento de uma cidade, passa pela capacitação dos seus cidadãos.

Por fim, o jogo te relembra a força da religião na época, com a ação que te concede um coringa, no caso, um monge simpático.

Interação entre a história e os eventos do jogo

O tabuleiro individual

Cada rodada de Orléans é marcada por um novo evento, entre eles destacamos os impostos e a peste negra. Os impostos se ligam ao fato da cidade sempre estar dominada (sejam romanos ou merovíngios). De tal forma, sempre era exigida alguma compensação financeira da população. O jogo ainda perpassa a ideia de um imposto progressivo, quem tem mais, paga mais.

Além deste evento, a peste negra aterroriza os jogadores. A passagem da peste negra pela Europa dizimou de 30 a 60% da população européia, tendo sido sentida também na cidade tema. 

Para o jogador, esse evento significa o fim trágico de um de seus trabalhadores. A não ser que a sorte sorria e um dos trabalhadores iniciais seja o escolhido, assim, não haverá maiores vítimas.

Orléans em expansão e o tabuleiro de prefeitura

O tabuleiro complementar denominado Prefeitura

Os jogadores podem ainda, enviar seus trabalhadores de forma permanente para o espaço chamado Prefeitura. Lá, existem diversas benfeitorias a serem feitas na cidade que fornecem bônus aos jogadores.

Assim como a cidade possuiu sua vertente expansionista, o jogo permite tornar a cidade do tabuleiro mais desenvolvida. Nesta ação de prefeitura existem benfeitorias como a construção da Catedral. A Catedral de Sainte-Croix d’Orléans é um dos principais monumentos da cidade, tendo sido realizada uma missa noturna da qual participou Joana d’Arc durante o cerco à cidade.

Outra benfeitoria é a canalização, demonstrando a tentativa de modernização da cidade e melhoria da qualidade sanitária, ou até mesmo a vitória sobre a peste.

Todas as benfeitorias interagem diretamente com a história da cidade e proporcionam ao jogador uma ideia de crescimento. O trabalhador deixa o seu controle para permanentemente, auxiliar em alguma necessidade. 

Considerações Finais

A famosa Catedral de Orléans

Orléans parece um jogo fora do circuito “normal” de temas. Não existem guerras, invasões, nem vai às fontes confiáveis da temática de fantasia. Busca, na verdade um tema histórico, interessante e original.

Ao entendermos a história da cidade, a sua importância para a Europa e como cresceu, é possível associar tudo no jogo e ter uma verdadeira imersão. Assim como falamos na coluna anterior (dê uma olhada em Trajan), a temática histórica às vezes é pouco perceptível. Mas, quando entendemos todo o contexto, logo nota-se que o trabalho realizado pelo designer foi excepcional.

Todas as ações que o jogador pode ter, bem como os eventos que surgem, nos colocam dentro dessa cidade em sua época de glórias. Um jogo estratégico, com elemento sorte colocado de uma maneira interativa e divertida, que reflete muito bem o tema proposto.

Espero que tenha gostado deste artigo do Imersão BG, não se esqueçam que estamos aqui toda terça-feira. Nos encontramos na próxima, cowboy (eu diria, segura peão!). Abraços!

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