Publicado em março 20th, 2018 | por Emmanuel Deodato
Imersão BG: Sagrada e a construção sem fim
Fala galera! Na coluna de hoje iremos dar um salto até Barcelona e contemplar uma construção que já dura cinco gerações! É isso mesmo. O Templo Expiatório da Sagrada Família, de agora em diante apenas Sagrada Família. Ele está sendo construído desde 1882 e não acabará tão cedo!
Mas como participar dessa construção? O Imersão BG de hoje retrata o jogo Sagrada, que ainda não chegou ao Brasil, parecia que tinha sido anunciado pela Galápagos Jogos, mas já negaram a informação
Quer saber o que um dos maiores artistas espanhóis possui em comum com a Sagrada Família? Quer dissecar o pano de fundo desse belo jogo? Siga com nosso Imersão BG.
A Sagrada Família: a idealização e a pedra fundamental
Tudo começou com a ideia de um livreiro, Josep Maria Bocabella. Ele desejava a construção de um templo expiatório em homenagem à Sagrada Família. Com esse pensamento, fundou em 1866, a Associação Espiritual dos Devotos de São José.
A associação iniciou uma campanha de construção para o templo em 1874. Isso culminou, em 1881, com várias doações que possibilitaram a compra de um terreno localizado entre as ruas de Marina, Provença, Sardenya e Mallorca.
A pedra fundamental foi colocada no dia de São José, 19 de março de 1882, em uma cerimônia presidida pelo Bispo de Barcelona à época. O projeto começou pela cripta e contou com uma estrutura neogótica. Esta foi desenhada pelo arquiteto Francisco de Paula del Villar y Lozano, o primeiro arquiteto do projeto da Sagrada Família.
Junto do arquiteto, na cerimônia de inauguração estava um de seus ajudantes. Era Antoni Gaudí i Cornet, doravante o famoso arquiteto catalão Gaudí. Ele logo exercerá papel de destaque na obra.
Primeiros problemas e a Era Gaudí
Em 1883, o arquiteto Francisco Villar renuncia ao projeto por desavenças com os partidários de Josep Maria Bocabella. Assim, o projeto acaba sendo oferecido ao jovem arquiteto Gaudí, na época com 31 anos.
Assumindo seu primeiro grande projeto como arquiteto chefe, Gaudí modifica por completo a ideia inicial de Francisco Villar. Ele imprime seu estilo peculiar que terminaria como sua grande marca ao longo da carreira.
Como a construção da cripta já estava em andamento, essa parte se manteve nos moldes do projeto inicial. Já o restante, recebeu seu estilo de arquitetura orgânica, naturalista. Sua visão para a Sagrada Família foi inspirada pela Caverna do Salnitre em Collbató (Barcelona).
Durante a execução das obras, comumente era necessário haver interrupções. Essas pausas serviam para Gaudí reanalisar suas ideias e adaptá-las conforme o templo ia se formando.
Sempre tendo em foco suas aspirações naturalistas, Gaudí concebeu a estrutura total do templo como a de uma floresta, como um conjunto de árvores.
Junto ao templo inicial Gaudí construiu outros edifícios anexos. Como a Casa do Capelão (1887) e as Escolas da Sagrada Família (1909).
O fim da era Gaudí e a construção continua
Em 1892, as fundações da Fachada da Natividade foram construídas. (Nota: a construção possui inúmeras outras fachadas e termos técnicos, mas não é nosso objetivo aqui). Essa seria a única fachada que Gaudí veria completa.
A partir de 1914, Gaudí dedicou-se exclusivamente ao projeto da Sagrada Família, concentrando suas forças nesta obra. Essa dedicação se tornou tão única que durante seus meses finais ficava trancado em seu estúdio.
Em 1923, ele finalizou diversos desenhos para a obra, entretanto a construção seguia lentamente. A primeira torre de sino foi construída na Fachada da Natividade em 1925, com 10 metros de altura. Esta acabou por ser a única torre completa vista pelo arquiteto.
Em 1926, durante um passeio, Gaudí foi atingido por um bonde e veio a falecer três dias depois, aos 73 anos. Dois dias depois foi enterrado na cripta da Sagrada Família.
De 1926 até 1938, a obra continuou com o arquiteto Domènec Sugrañes, ajudante muito próximo de Gaudí. Em 1930 todas as torres de sino da fachada da Natividade foram instaladas.
Em 1936, com o rompimento da Guerra Civil Espanhola, alguns revoltosos invadiram o templo. Eles destruíram parte da cripta e quase inteiramente o antigo estúdio de Gaudí.
Conforme o site oficial informa, mesmo com os trabalhos agora paralisados e a destruição causada, a obra continuou. Sempre seguindo os planos iniciais de Gaudí, elaborados ainda em 1883.
A retomada em 1938 e a luz no fim do túnel
Entre 1939 e 1940, o arquiteto Francesc de Paula Quintana i Vidal, que iniciou seu trabalho com Gaudí em 1919, restaurou as partes danificadas da cripta. Ele também recuperou modelos e desenhos, para que se seguissem as ideias originais.
Os diretores seguintes da obra também conheceram Gaudí e trabalharam com ele. Isidre Puig-Boada e Lluís Bonet i Garí ficaram à frente da Sagrada Família até o ano de 1983.
Foram sucedidos por Francesc de Paula Cardoner i Blanch, Jordi Bonet i Armengol, e por último Jordi Faulí i Oller. Ele permaneceu até o ano de 2012.
No ano de 1955, ocorreu a primeira busca por doações, para levantar dinheiro com o intuito de pagar os trabalhadores. A iniciativa foi tão bem sucedida que se repetiu ao longo dos anos.
Em 2005 toda a área construída por Gaudí fora declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Após tantos anos em construção, a Sagrada Família consegue ver uma luz no fim do túnel. Em 2022 uma das mais altas torres será concluída e, estima-se que em 2026 o templo esteja completamente construído. Isso acontecerá no ano do centenário da morte de Gaudí.
Sagrada: belo e bela, jogo e obra
Antes dos ataques enfurecidos de que esse jogo é abstrato e não tem tema, que poderia ser um jogo de azulejo (ba dum ts!) que daria no mesmo eu aviso: é por isso que vocês têm o Imersão BG.
Ver, entender e admirar o pano de fundo de um jogo como esse é pesquisar mais sobre o tema. É encontrar respostas para suas dúvidas. É descobrir (sim, eu não sabia) da luta na vida do famoso Gaudí por esse templo.
É achar nas entrelinhas, a beleza dessa história tão rica e que ainda é contada. Logicamente que você não vai se sentir o próprio arquiteto realizando a construção dos vitrais. Mas, conhecer tudo que está por trás desse jogo só o engrandece.
A composição dos tabuleiros dos jogadores em conformidade com os vitrais do templo é lindíssima e muito precisa. Os designers e o artista tiveram um cuidado com cada detalhe para que refletisse o que esperavam. E conseguiram!
Se não é um jogo imersivo por sua criação abstrata é, ao menos, bastante preciso em retratar seu objeto de uso, os vitrais.
Considerações finais: um jogo mais do que belo
Sagrada foi um daqueles jogos que te chamam a atenção pela beleza, mas deixam com o pé atrás, na qualidade final como um todo. Comprá-lo foi assumir um risco e digo: que belo risco! Esqueça a beleza dele por um instante (quase impossível) e você percebe facilmente o quanto o jogo é bem amarrado.
Simples, divertido e bastante direto. Não existem mecânicas complexas, estratégias de minutos, tudo é muito intuitivo, leve. Basta observar as regras e colocar seus dados. Lógico que a patroa sempre quer deixar bonito, mas no final o que conta é a pontuação dos objetivos (privado e gerais).
Se não vai se sentir como Gaudí, pelo menos depois de ler o Imersão vai poder deitar e rolar nos comentários com o sogro e a sogra enquanto jogam.
Imersão BG
Encerramos mais uma coluna do nosso Imersão BG e espero que tenham gostado.
Na próxima semana um pequeno salto até uma ilha grega. Lá iremos conhecer um pouco de sua história, mitos e lendas.
Abraços!