Publicado em novembro 14th, 2017 | por Emmanuel Deodato
0Imersão BG: Spartacus: Um Jogo de Sangue e Traições
Fala galera! Para se aventurar neste novo episódio da coluna é preciso ter força, determinação e muita paciência com seus amigos! Vamos expandir nossos conhecimentos sobre Spartacus: Um Jogo de Sangue e Traições. Entenda a história real por trás de um dos maiores ícones do cinema e da televisão, no jogo lançado aqui pela Kronos Games.
Prepare-se para encarnar na pele de um Lanista, aquele que detém uma escola de gladiadores (Ludus). Escapará da traição dos seus adversários? Conseguirá influência suficiente para sagrar-se como o maior Dominus? Ou os dados irão te assombrar e será enterrado nas areias de Cápua? Vamos conferir e entender um pouco mais sobre o universo de Spartacus e as diferenças entre a história e a ficção. Imagens utilizadas da série de televisão Spartacus possuem todos os seus créditos devidamente reservados.
Spartacus – A figura histórica
Spartacus (ou no bom português Espártaco) foi um gladiador de origem trácia (atualmente uma região compreendida por Bulgária, Grécia e Turquia). Ele foi líder da mais famosa revolta de escravos em todo o império Romano. As histórias sobre Spartacus são poucas e concentradas nas obras de três autores romanos: Apiano, Floro e Plutarco. Mas, sabe-se que desertou de uma tropa auxiliar romana e por isso foi preso e reduzido à escravidão.
Mostrando grande força física foi comprado por Lentulus Batiatus (ou Lêntulo Batiato) para ser treinado como gladiador em seu ludus. Alguns historiadores apontam em Spartacus grande inteligência e cultura, enquanto outros admitem que sua maior qualidade era a grande força física.
A difícil vida no Ludus e sua fuga
Spartacus fez o seu treinamento como gladiador no já citado ludus, que se localizava próximo à cidade de Cápua. Na aclamada série, Spartacus fica famoso ao lutar utilizando duas espadas, mas a história aponta diferenças.
É conhecido que Spartacus era um lutador pesado, do estilo murmillo, um gladiador que utilizava uma gladius (espada) e um scutum (escudo retangular), diferente do estilo apresentado na série, conhecido como dimachaerus (uma espada em cada mão).
Cansados dos constantes abusos sofridos no ludus de Batiatus, cerca de 70 gladiadores se revoltaram, invadiram a cozinha e se armaram com o que era possível. Eles conseguiram subjugar os guardas e escaparam do ludus, encontrando e saqueando pelo caminho diversas carroças com equipamentos de batalha.
Após a fuga, nomearam Spartacus como seu líder, bem como Crixus e Oenomaus (dois escravos gauleses). Para alguns historiadores, o grupo de gladiadores era homogêneo e todos poderiam participar das decisões, sendo a visão militarizada de Roma que instituiu Spartacus e os outros citados à frente dos demais. Neste grupo também se destacaram Castus e Gannicus (representados de formas diferentes na série).
Terceira Guerra Servil
A Terceira Guerra Servil, também chamada de Guerra dos Gladiadores ou Guerra de Spartacus, foi a última de uma série de revoltas de escravos contra a opressão romana. Ela teve seu início na fuga explanada anteriormente, no ano de 73 A.C. Para alguns historiadores, a guerra possuía a simples motivação de romper a vida escrava, para outros o objetivo do grupo era dominar Roma.
Acreditando inicialmente de se tratar de um pequeno levante, Roma não demonstrou grande interesse em enfrentar os gladiadores. Assim, as primeiras vitórias para o grupo liderado por Spartacus vieram facilmente. Após dois anos desde a fuga, o grupo já contava com aproximadamente 120.000 pessoas, entre homens, mulheres e crianças.
A primeira vitória importante foi contra o pretor Claudius Glaber (personagem recorrente na série) em uma dura batalha nos arredores do Monte Vesúvio. Aqui, aponta-se para a capacidade demonstrada por Oenomaus, conquistando essa vitória que tornou o grupo mais famoso. Também, foi bem próximo a essa vitória que ele encontrou seu fim.
Por motivos desconhecidos (apesar de especulações) Crixus e cerca de 30.000 guerreiros se separaram do grupo principal e foram derrotados próximo ao Monte Garganus em 72 A.C. Dentre os mortos, estava o próprio Crixus. O grupo foi vingado por forças comandadas pelo próprio Spartacus.
Nesse momento, Roma já havia enviado Marcus Licinius Crassus, um dos homens mais ricos do império, para liderar cerca de oito legiões de soldados romanos contra a revolta dos gladiadores. Crassus aprontou aproximadamente seis de suas legiões para a região do Piceno. Lá encontrou um grupo menor, liderado por Spartacus. Apesar de uma primeira vitória do grupo, os gladiadores acabaram por tombar, incluindo aqui a morte de Spartacus.
Com os revoltosos sem direção, Crassus conseguiu vitórias esmagadoras, encerrando a Terceira Guerra Servil. Para servir de exemplo, cerca de 6.000 pessoas foram crucificadas ao longo da Via Ápia.
As Areias de Cápua
A série de televisão insiste em vários momentos, em demonstrar o quão imponente era o anfiteatro de Cápua e o quanto era respeitado. Aqui essa tentativa retrata a realidade. Localizado nas proximidades de Cápua, o anfiteatro perdia em dimensão apenas para o Coliseu romano, tendo sido construído na época de Augustus.
Nas ruínas do anfiteatro ainda é possível encontrar as passagens subterrâneas, provavelmente por onde circulavam os gladiadores, bem como estruturas próximas, como banhos e templos aos deuses.
Após ter sido ligada à Roma com a construção da Via Ápia, Cápua cresceu economicamente, se tornando uma cidade próspera ao sul da Itália. Seu anfiteatro acabou sendo mais conhecido por abrigar as lutas de Spartacus e dos outros gladiadores da casa de Batiatus. Seu solo foi banhado constantemente por suor, lágrimas e sangue.
O jogo, a série e a história
Logicamente que a série bebe da fonte histórica e trata da vida de Spartacus da forma que julga mais adequada. Com isso, situações são modificadas e/ou criadas para tornar tudo mais interessante. O jogo entretanto, não busca respaldo na parte da história e é em verdade, uma adaptação completa da série.
Para os que buscam respaldo histórico, ações remanescentes de um passado glorioso, este não será o jogo adequado. Tudo no jogo é fornecido pela série: enredo, temática, imagens e inclusive, sua dinâmica.
A utilização da traição a todo momento, o uso dos escravos com aptidões especiais, o domínio sobre o destino dos gladiadores. Tudo advém do enredo da série de televisão. Logicamente que isso não é demérito algum e conhecer a história real por trás da lenda torna Spartacus mais palpável. Mais admirável, mais humano e menos mitológico.
O tema dentro do jogo: a série recriada
Se você não conhece a série televisiva que inspirou o jogo não há problema, conseguirá se divertir e entender toda a temática ali presente. Mas, para os fãs da série o jogo é um deleite. Tudo te faz lembrar não apenas os personagens, mas o clima de tensão e traição. As areias de Cápua estão ali, na sua frente e como Lanista, você poderá controlar sua própria escola de gladiadores, seu próprio Ludus.
As ações transparecem a série e cada interação te fará apreciar mais o jogo. Você pode tentar ser um Dominus com mais escravos de qualidade e poucos gladiadores, ou encher sua escola com gladiadores. Escolha entre ser mais ou menos ardiloso e utilize das traições possíveis e não apenas nas cartas.
O jogo permite a traição por palavra. Que tal negociar um escravo e não vendê-lo? Ou como Anfitrião, ser subornado e não aceitar a luta pretendida? Para qualquer pessoa que assistiu a série, o leilão é o ápice do jogo. Encontrar ali Spartacus, Crixus, Gannicus, Oenomaus entre outros é revigorante e aumenta a intensidade da disputa. Imagine como ficará as areias de Cápua com uma revanche entre Theokoles e Spartacus?
Considerações Finais: bonito para os olhos e intenso nas batalhas
Não é preciso apenas entender a relação histórica do jogo para apreciá-lo ao máximo. É preciso sentir. É preciso reviver todo o drama do protagonista da série, em sua batalha pessoal. É preciso esperar pelo momento certo e aplicar uma dupla traição (especialidade de Batiatus com toda certeza) e observar a ira do seu oponente.
É importante sentir o coração paralisar quando Spartacus aparece para compra no leilão, ou Crixus e esperar pela luta épica entre os amigos. É necessário que cada ação seja vibrante, efusiva.
Bem, na verdade não é necessário tudo isso. O jogo não te leva a conhecer a vida de um gladiador, ou entender a história de Spartacus, mas administrar um Ludus. Envolva-se em promessas, esquemas, traições e mesmo após tudo isso dependa da sorte na arena. Não são os Dominus que lutam, não adianta esbravejar por um dado mal lançado, mas é possível mitigar a sorte.
É um jogo baseado em tensão. Na fase de esquema quem te atacará? Nas promessas feitas, quem irá te trair? Na luta na arena de Cápua os dados irão te ajudar? A tensão permeia as ações do jogo, cada momento é vívido, intenso.
Para os fãs da série não há erro, Spartacus: Um Jogo de Sangue e Traições é compra obrigatória e será prazeroso de jogar. Para aqueles que nunca assistiram a série continua sendo um ótimo jogo, com uma imersão relativamente menor.
Acredito, apenas, que Andy Whitfield poderia ter sido homenageado com uma bela carta, mostrando o verdadeiro coração de um guerreiro, assim como mostrou o verdadeiro Spartacus.
Imersão BG
É isso aí galera! Espero que tenham gostado de mais um episódio da nossa coluna semanal. Interaja e participe conosco deixando seu comentário! Queremos sempre que a coluna avance, melhore.
E na próxima semana nos vemos em uma vila viking, mas não no básico pilhar, lutar e navegar. Iremos entender as dificuldades da vida de um líder e suas ações.
Abraços!