Publicado em junho 21st, 2017 | por Rafa Almeida
In Nomine: anjos x demônios e muito rock’n roll
A editora Dimensão Nerd entregou recentemente o In Nomine, um clássico de Steve Jackson dos anos 90. Ele aborda temas como mitologia, anjos, demônios, entidades espirituais e muitos deuses vivendo no mundo real. Algo bem parecido com o livro, e agora adaptado para série, Deuses Americanos (American Gods), obra-prima de Neil Gaiman.
In Nomine tem várias versões, mas a Dimensão Nerd vai lançar a edição de Steve Jackson. Esta é uma edição mais madura, coesa e com mais acesso a suporte e informações. Então, se você tinha algum receio quanto a criação de comunidade, conteúdo de fãs, lives, materiais diversos, fique tranquilo que a editora vai fomentar tudo isso!
O cenário
O cenário gira em torno do confronto entre os anjos e os demônios. Os anjos tentam manter o equilíbrio que sustenta a estrutura da realidade e a paz celestial. Já os demônios agem buscando seus objetivos, destruindo e manipulando atrás de uma ascensão ao poder no inferno. Porém, não é comum ver demônios e anjos se enfrentando com armas em combates frenéticos, o conflito ocorre como uma guerra de nervos, uma guerra fria. Apesar de tudo acontecer na terra (plano material) e a humanidade ser o prêmio do vencedor, ela não pode ser envolvida na guerra. Então tudo ocorre às escondidas, sob o risco de ocorrer dissonâncias caso a humanidade veja o que não deveria.
Ressonância e Dissonância
A terra ou plano material é chamada de Sinfonia. A maneira como cada anjo ou demônio lida com a realidade é chamada de Ressonância. Cada espécie de anjo tem uma natureza que deve ser respeitada. Cada vez que eles violam sua natureza, eles causam Dissonâncias. Já os demônios devem manter suas identidades.
Caso os anjos falhem, eles podem cair e se tornar demônios, pelo menos na maioria dos casos. Enquanto os demônios ficam mais fracos ou são prejudicados de alguma maneira ao usar seus poderes, caso falhem em guardar sua identidade. Parece complicado, mas não é, não se preocupe. Resumidamente, os anjos devem se comportar de uma maneira específica, baseada em sua raça com a Sinfonia. E os demônios devem manter-se escondidos da humanidade.
Hierarquia e Poderes
Cada anjo serve a um Arcanjo e cada demônio à um príncipe das trevas (será um deles o pai do rock’n roll? Quem sabe essa aventura sendo lançada por aqui?). O livro básico conta com 13 arcanjos e 13 príncipes. Existem áreas de influência no jogo e cada um dos arcanjos e príncipes tem domínio sobre uma ou mais delas. As áreas são: fogo, luxúria, animais, tempo e uma infinidade de possíveis poderes.
Existem sete espécies de anjos: Serafim, Querubim, Ofanim, Elohim, Malakim, Mercurianos e Kyriotetes. Cada espécie tem um poder específico, que depende do arcanjo ao qual eles servem. Dentro de In Nomine, esse poder especial é chamado de Coral para os anjos.
Demônios também possuem sete espécies: Bal Seraphs, Djinns, Calabins, Habbalah, Lilim, Impudentes e Shedim. Assim como os anjos, demônios também têm poderes especiais baseados ao príncipe que servem, esse poder especial é chamado de Banda.
Com isso, a variedade de possibilidades de criação e poderes apenas no livro básico já é enorme. Mas, os personagens ainda podem escolher outros poderes chamados de Canções. Cada uma dessas canções possuem ainda três efeitos diferentes: Corpóreo, Etéreo e Celestial.
O sistema
O sistema é bem simples. São usados 3 dados de 6 faces (d6). Rola-se dois dados e compara-se o resultado. Caso seja menor que o atributo mais perícia, o personagem consegue um sucesso. O último dado então é rolado para medir o quão bem a ação se desenrolou e isso serve para falhas e sucessos. Caso aconteça uma falha, ela pode ser simples ou algo realmente prejudicial, o mesmo acontece para sucesso.
O mais legal é que os resultados mudam. Caso consiga 1, 1 e 1 nos resultados sendo um anjo, acontece uma intervenção divina, milagres e coisas fantásticas podem acontecer. Já com os demônios, se rolar 6, 6 e 6 (clássico) ele tem ajuda do príncipe ou do próprio chefão do inferno, o cramunhão das costas ocas. Caso um anjo fique com o 666 ou um demônio com o 111, acontece uma falha crítica. Haha!
Quando anjos e demônios caminham pela Sinfonia, eles têm um corpo mortal que é usado como um receptáculo e é chamado de Vessel (vaso). O Vessel define as capacidades corpóreas do personagem. Muito interessante que um demônio mal-encarado pode vir parar no corpo de uma modelo, isso dá manga para muita interpretação.
Além do Vessel, ele tem um corpo celestial e um corpo etéreo. A mecânica não muda muito em todos eles, mas para questões interpretativas é muito imersivo, visto que cada corpo é diferente em cada um dos mundos.
Opnião
Recomendadíssimo. A versão de Steve Jackson é mais leve. Um cenário muito rico que ao mesmo tempo pode ser um RPG de ação. Isso se colocar jogadores que levam o confronto mais ao pé da letra e entram em combates psicológicos e corporais para tentar ficar com a humanidade.
Também permite algo mais sobrevivência, mais narrativo como Story Teller. Ele pode ser jogado da forma original, aquela coisa de uma raça tentando subjugar a outra, na infinita guerra pela humanidade, ou pode ser algo mais sério, mais compenetrado e sombrio. Coisa que muitos jogadores apreciam.
Segunda recomendação, não sei se precisaria citar isso, mas deixem toda a religiosidade e questões teológicas de lado. Esse não é o foco do sistema. Não é uma coisa Mal x Bem clássico como estamos acostumados a ver por aí. Existe um aspecto um pouco cômico, é um jogo extremamente divertido e vale muito a pena.
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Um sucesso decisivo a todos e um bom jogo!