Publicado em novembro 15th, 2017 | por Caio Romero
Na Mesa do Tábula: Shadow of the Demon Lord
Bora falar de mais jogos que estamos jogando ultimamente? A fera da vez é o capiro… digo, Demon Lord. Fazia um tempo que eu estava curioso pra ver qual é a do Shadow of the Demon Lord, lançado aqui pela Pensamento Coletivo, e o jogo é bacanudo de verdade.
Num oneshot encaixado nas duas horas vagas do nosso sagrado almoço, mestrei uma sessão pra dois personagens de nível zero. Ah é, pra quem não sabe, o Shadow of the Demon Lord tem esse quê de DCC: personagens no nível zero que progridem para o primeiro nível de acordo com as ações que tomarem nessa primeira aventura.
Que os dados guiem o destino!
Pra começar, deixo claro que optamos por rolar completamente a criação de personagens. Fizemos isso, num encontro anterior à sessão de jogo em si, muito rapidamente. Se você e seu grupo curtem as possibilidades proporcionadas pela aleatoriedade, vai fundo! Rolar os dados e olhar nas tabelas pra ver que “monstro tá saindo da jaula” é um método muito divertido.
E eu falo sério quanto à aleatoriedade. Quer um exemplo? Você pensaria facilmente num autômato pequeno, quase que um R2-D2, metódico e antipático, e com um passado de crimes voltados à prostituição? Então, isso é possível com poucos minutos e algumas rolagens.
Mais uma vez, não quero entrar em detalhes quanto às mecânicas do Shadow of the Demon Lord, a proposta aqui não é essa. Mesmo assim, o que posso adiantar é que as soluções de design das rolagens são, no mínimo, elegantes e funcionam muito bem.
Dádivas e Perdições
“Ué, Caio? Acabou de falar que não entraria em detalhes quanto às mecânicas…” ok, ok. Ainda assim, acho importante mencionar isso aqui. O básico das rolagens não é novidade pra ninguém: rolar um d20 e bater uma dificuldade.
O legal é que em determinadas situações, dádivas e perdições permitem que você una alguns d6 à sua rolagem que aumentarão ou diminuirão, respectivamente, o resultado do d20. Em resumo, rolagens simples e efetivas em jogo.
Do mistério ao asco
Eu não costumo narrar RPGs com temática de mistério/terror/horror. Porém, o clima de corrupção por toda parte e a sombra do Demon Lord “vazando” e influenciando geral negativamente são aspectos que ajudam a dar o tom cabuloso que esse jogo pede.
Claro que não dá pra abusar, mas causar asco também é fácil. Sente só: “um pouco à frente dos cadáveres dos suínos decapitados, as vísceras e o odor repugnante leva a visão de vocês aos crânios dos animais, repletos de baratas que saem das cavidades dos olhos e se espalham por todo o chão ensanguentado”. E por aí vai.
Tons de cinza?
Um ponto legal de Shadow of the Demon Lord é como o jogo apresenta os conceitos de bem e mal. Fugindo dos padrões de alinhamento que conhecemos, essa pérola aqui trata a coisa toda como uma mistureira de cinza. Exatamente, ninguém é bom ou mau por completo. Aliás, o cenário trata da dificuldade de se fazer esse discernimento e das motivações dos atos das personagens.
A sessão acabou sendo bem macabra e terminou com uma reviravolta bem bacana. Não é muito difícil fazer isso, na verdade, parece que todo o contexto em que a narrativa se insere praticamente pede pra que o mestre “vire a mesa” e mude o fluxo do que as personagens têm como verdade no momento.
E Shadow of the Demon Lord vale a pena?
Olha, gostei do jogo. É claro que não dá pra julgar a parada toda por uma mera sessão de personagens nível zero. Mas a primeira impressão foi boa sim. Shadow of the Demon Lord cumpre o que promete de um jeito amarradinho. Simplicidade mecânica e foco na corrupção e (in)sanidade que permeiam o mundo de jogo são o ponto forte aqui.
Pra não dizer que o jogo é bacanudo por completo, eu acho que senti falta de algo mais inovador, alguma coisa que me surpreendesse como “nossa, como não pensaram nisso antes?”. Mas isso foi uma percepção pessoal que talvez mude levando o jogo mais vezes pra mesa. :)
No mais, acompanhe a Tábula! Siga a gente no Facebook, no Youtube, e fique atento que mais e mais coisas legais vêm por aí! :D