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Publicado em novembro 9th, 2018 | por Gilberto Guerra

Opinião BG: Comportamentos tóxicos na mesa de Board Game

Manter um grupo de jogatina frequente e coeso não é tarefa fácil. Muitas vezes nos deparamos com um jogador com grande potencial, mas com algum comportamento que desagrada o grupo. Conheça neste Opinião BG, comportamentos que podem prejudicar a boa vivência no nosso hobby!

Um grupo de pessoas dificilmente é homogêneo em seus hábitos e comportamentos. Em nosso hobby, temos pessoas com faixa etária, crenças, valores, profissões e situação econômica diferentes. Todos participando com o objetivo comum da diversão analógica. Entretanto, tais diferenças podem gerar conflitos no andamento de uma partida. Certos comportamentos podem não ser bem aceitos na mesa.

O presente texto do Opinião BG visa expor alguns desses comportamentos, apresentando alguns cuidados para amenizar seu impacto na diversão do grupo.  

O Indeciso(a)!

Comportamento discutido amplamente no texto sobre Paralisia de Análise. O jogador por vários fatores tem ampla dificuldade de tomar uma decisão.

Esse comportamento é ainda mais problemático quando está em conjunto com o “voltar a jogada”, elevando muito o tempo do turno. Voltar a jogada até pode ser permitido em consenso quando o jogador é novato no hobby ou é a primeira vez que está experimentando um jogo complexo. Ou então quando a jogada realizada é catastrófica para ele. A ponto de estragar sua experiência na partida.

“Voltar a jogada” se torna tóxico para a mesa quando é frequente, mesmo após conhecer bem o jogo. Especialmente nos jogos que possibilita o próximo da vez adiantar seus planos de ação na vez do adversário. Ou então em jogos com Pontos de Ação ou com gerenciamento de recursos, que dificulta voltar ao ponto de origem da jogada.

O jogador com esse comportamento precisa que o grupo imponha limites, como já explicado no texto sobre Paralisia de Análise.

Comportamentos tóxicos

Muitas vozes na cabeça dizendo coisas diferentes!

O Ansioso(a)!

É o extremo oposto do indeciso e se ambos estiverem na mesma mesa é receita para discórdia. O ansioso costuma apressar os coleguinhas, e não raro, pular a vez de alguém fazendo sua jogada no lugar do amiguinho. Às vezes ainda dá dicas das melhores ações, mesmo em jogos competitivos, a fim de agilizar a chegada da sua vez.

Pular a vez de um jogador (possível se o jogador da vez não estiver atento) pode ainda acarretar em voltar a jogada. Pois geralmente a ordem no turno influencia muito na qualidade da ação. Sem falar que ao revelar a ação antes da hora, o risco de bloqueio é enorme, prejudicando o desempenho do Ansioso. O tempo para corrigir a desorganização pode ser maior do que qualquer AP.

Já apressar o jogador da vez, pode irritá-lo dependendo de como é feito. Existem formas singelas como perguntar “de quem é a vez mesmo?”. Dar dicas de jogada pode desagradar até o suposto beneficiado, visto que pode expor para mesa algum plano futuro. Fora que dependendo do impacto na pontuação, pode até mesmo por em cheque a credibilidade da vitória.

Uma dica útil para segurar a ansiedade é levantar da cadeira, respirar fundo, beber um copo d’água. Tirar o foco do jogo quando não é sua vez, nesses casos, pode trazer benefícios a todos os envolvidos.

Comportamentos tóxicos

Vai lá! Faz essa jogada! Faça essa jogada!

O Provocador(a)!

O provocador é àquele que gosta de cantar vitória antes do final da partida. Além de tirar sarro de jogadas adversárias questionáveis. Jogos com take that ou wargames o fazem gargalhar quando é favorecido.

Tal comportamento é altamente tóxico para a mesa, gerando mal-estar e afastando jogadores novatos. Uma boa forma de mudar é uma conversa séria com o integrante sob punição de exclusão do grupo. Geralmente, esse tipo de comportamento não se altera sem intervenção e tem origem na imaturidade e em uma necessidade elevada de autoafirmação.

Comportamentos tóxicos

Quando o adversário não tem resposta para aquele take that zoero!

O Conspirador!

Se tiver alguém notoriamente vencendo a partida, ou alguém que costume vencer com mais frequência, será alvo do Conspirador! O principal problema nesse caso é sua interferência na jogada alheia com comentários: “se fizer isso vai ajudar o jogador X que já está vencendo, tem certeza disso?”. Em jogos com combates ou controle de área ele pode tentar combinar jogadas com adversários, nos casos mais graves.

No geral o Conspirador só irá existir se houver alguém disposto a colaborar com ele. Caso ele seja ignorado, a tendência é parar com tal comportamento. Se demorar a perceber, um toque direto de que as tentativas de conspiração só o tornam irritante, pode ser bem-vinda.

Obviamente, jogos com a mecânica de conspiração como os da série de Game of Thrones, Rising Sun e Civilization não podem gerar reclamação da mesa por esse motivo.

Comportamentos tóxicos

(…) e se todos fizerem exatamente essas ações, fulano não ganhará a partida!

O Estressado(a)!

Transforma a mesa em um barril de pólvora se estiver em conjunto com um Provocador ou for alvo de Conspirador. No geral, ele se irrita com facilidade, seja por uma ação prejudicial do colega, ou por um resultado desfavorável nos dados. Não é raro ficar com cara feia durante a partida, ou até mesmo abandoná-la, nos casos mais graves. Costuma se ver como vítima, mesmo quando a origem do nervosismo é de uma situação inevitável e natural da partida.

Quando o caso não é patológico, evitar comentários maldosos já ajuda o Estressado a se controlar. Em casos mais severos, também precisa de intervenção do grupo, sob pena de exclusão.

Comportamentos tóxicos

Porcaria de dados que são sai 12 para eu conseguir tijolos!

O Desastrado(a)!

É aquele jogador que vive derrubando peças, esbarrando no tabuleiro e bagunçando os componentes. É senso comum na mesa que a garrafa de refrigerante deve ser deixada longe dele, ou melhor, servida apenas entre o intervalo dos jogos.

O Desastrado é assim involuntariamente, ou seja, não há muito que ele consiga fazer para mudar esse comportamento a curto prazo. Entretanto, há alguns cuidados adicionais que ele precisa ter durante a partida. E que os demais integrantes da mesa podem gentilmente lembrá-lo.

Comportamentos tóxicos

Deixa só eu levantar aqui pra ir no banheiro

Comportamentos tóxicos na mesa de board game

Todos nós temos momentos em que apresentamos um (ou mais) traço(s) desses comportamentos. O humor do ser humano é volátil e produto do ambiente em que vive. Em uma semana problemática pode ser difícil controlar a irritação em alguma situação que você desaprove. Em um dia corrido com jogatina, é difícil desacelerar e acabará ficando ansioso.

Comportamentos tóxicos

Quando você se enquadra nos seis comportamentos discutidos

O problema mais sério é quando o comportamento é frequente, persistente e prejudica o bem-estar do grupo. Em muitos casos pode inclusive ser necessária ajuda profissional, caso o mesmo ocorra na vida pessoal e profissional.

Esses são alguns dos comportamentos prejudiciais que já me deparei em minha experiência como jogador. Na maioria dos casos houve boa melhora, em outros houve afastamento dos jogos.

E você? Gostaria de acrescentar algum comportamento desapropriado na mesa? Tem alguma ideia de outros temas a serem trabalhados pela coluna? Deixe nos comentários e até a próxima!

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