Publicado em setembro 30th, 2022 | por Tábula Quadrada
Virtù – review em vídeo e escrito
Conheça Virtù, jogo da Meeple BR Jogos, com um controle de área muito estratégico, rondel e dois modos de jogo bem interessantes.
Renato J. Lopes passa pelas regras e dá suas considerações sobre o jogo. Confira abaixo o nosso review em vídeo de Virtù e logo abaixo o escrito.
Review Virtù: e a virtude de controlar territórios com rondel
Virtù está na lista de jogos que estavam fora do radar, mas chegaram por aqui e causaram estardalhaço. Seja por ser um controle de área com pegada euro, ou por ter uma forma exclusiva de jogar em dois jogadores. Mas e aí, ele é bom?
Quando o jogo foi anunciado, pesquisei e não achei conteúdo sobre ele em inglês, somente alguns em francês. Depois que vi que ele não foi lançado em vários países, como a Alemanha, então por isso que não havia muito material sobre ele.
Qual o tema?
Tematicamente ele trata do século XV, quando a Itália ainda era dividida em quatro cidades importantes, que circulavam os Estados Papais de Roma: as Repúblicas de Florença e Veneza, o Ducado de Milão, e o reino de Nápoles. No jogo você assumirá o comando de uma dessas nações, tentando assumir a soberania do país da massas e fazer mais pontos ao final do jogo.
A combinação de mecânicas dele funciona muito bem. Você tem um tabuleiro em que estão localizadas as ações e vai mover o seu marcador por ali por até 2 espaços e fazer a ação onde ele parar. Claro que algumas coisas podem impedir a sua ação, ou te permitem mover mais um ou mais espaços, mas nem sempre será o caso.
Importante lembrar que ao passar pelos cantos inferiores do tabuleiro, você volta cartas exauridas naquele lado dos espaços cortigianos para o lado ativo. Saber usar isso da melhor forma, te dá uma boa mão no planejamento da partida.
2 modos de jogo
Isso é o que acontece nos dois modos de jogo exclusivo para 2 players ou para 3 mais jogadores. A diferença básica é que em 2 jogadores é um x1 com cabo de guerra, em 3 trilhas de cidades importantes em que os jogadores vão disputar para fazer aliança e ter cartas e peças a mais. Mas a principal pontuação será pelo controle das cidades. E ainda tem a possibilidade de o jogo acabar em 21 rodadas ou até antes, caso o Reino da França conquiste a cidade de Nápoles.
Existem lados de tabuleiros (azul e amarelo), além de peças e cartas especiais para 2 jogadores.
No modo 3 a 5 jogadores, você terá mais caminhos para pontuar, além de controlar cidades, você ainda consegue fazer pontos por ter mais ícones de religião e avançar na trilha do mecenato, fora os títulos que pontuam nos dois modos de jogo.
Rodadas
As rodadas são chamadas de anos e tem uma sequência para serem realizadas. Primavera, onde os jogadores movem os seus marcadores e executam a respectiva ação e na sequência resolvem os cercos, caso existam. Depois tem o inverno, onde são pagos os salários das tropas, o palácio é reorganizado e são feitas alianças, compras e recrutamentos. Isso em 3 ou mais. Em 2 muda que o pagamento de salário é feito nas rodadas múltiplas de 4 (4, 8, 12, 26 e 20).
Primavera
As ações básicas do jogo são 6 e cada uma delas exige o uso de ícones que podem vir das cartas posicionadas no palácio, ou exaurindo cartas nos espaços cortigianos ou peças de cidades e títulos. Em ambos os modos de jogo as ações são iguais, exceto por 2: patrocinar, que não existe no modo para dois e anexar que possui uma nova possibilidade de ação no modo para 2.
Em Governar você gasta ícones de coroa ou cruz para desvirar cartas e peças exauridas. Comercializar te dá 2 moedas para cada ícone de navio gasto. Em Guerrear, você move suas tropas por terra, gastando ícones de cavalo ou por mar, gastando ícones de navio.
Em Conspirar você coloca agentes seus em cidades neutras, de outros jogadores ou alianças para reduzir o custo de ícone para você em 1 ou aumentar o custo para os outros jogadores. Pode posicionar agentes no tabuleiro do jogador para evitar que ele faça uma determinada ação, ou no seu para evitar que os outros jogadores bloqueiem uma ação sua.
Na ação Anexar você pode conquistar uma cidade neutra adjacente (que não tenha um símbolo de pirata) a uma cidade sua, gastando ícones de coroa numa quantidade maior que a força da cidade neutra. Nesse caso, o jogador pega a peça de cidade com o lado ativo. No modo para dois jogadores, é possível influenciar as cidades importantes, movendo o marcador para o seu lado, um espaço por coroa.
Já Patrocinar só existe na versão em 3 ou mais jogadores e te permite avançar na trilha de mecenato, pagando o custo indicado no tabuleiro, além de ganhar as peças de mecenato de construção ou personagem, além dos pontos.
Cercos e batalhas
Em cada cidade onde um jogador possui unidades e não controla, acontece um cerco. O atacante precisa ter pontos a mais do que o número da cidade. Se tiver um agente seu lá, o valor reduz em um. Se houver de outro jogador, aumenta em um. Cada unidade tem o valor de 1, tanto sua, quanto do inimigo. Os jogadores podem usar os seus bônus de guerra (que geralmente tem o custo de 1 florim). Quem tiver mais pontos no final vence.
O vencedor coloca um dos seus marcadores na cidade, se já havia um marcador de outra cidade, ele pega como troféu (num jogo com 3 ou mais ele só pode ter 1 de cada jogador, aí precisa devolver os adicionais).
As cidades conquistadas com cerco dão ao jogador a peça respectiva, mas no lado exaurido. Se a cidade tiver 4 ou mais de força, o atacante perde uma unidade sua no final do combate. Além disso, ele perde mais uma unidade para cada unidade defensiva que existir no local.
Se o atacante perder a batalha, ele perde uma unidade e precisa bater em retirada para uma cidade que controla. Caso não possua, perde todas as unidades, que voltam para o estoque.
Caso unidades inimigas se encontrem no lado de fora da cidade num cerco, acontece um cerco campal que é resolvido da mesma forma. Porém, a cidade ainda não é conquistada, pois precisará ser cercada na sequência. Caso o jogador decida recuar, pode voltar com suas unidades em cidades adjacentes que controla. Se empatar, ambos precisam bater em retirada para cidades adjacentes que controlam.
Inverno
A primeira coisa a ser feita é pagar os salários dos soldados e depois reorganizar o seu palácio. Aqui fica a grande sacada e estratégia do jogo. Para colocar cartas no palácio, você precisa ter elas ativas nos espaços de corte. E quando elas saem de lá, voltam pra fora, exauridas. Ter controle desse planejamento é crucial para a sua vitória.
Um detalhe importante é que as cartas só podem ser colocadas nos espaços do palácio se tiverem um ícone de ação, ou serem colocadas abaixo de uma carta que tem um ícone para dar mais símbolos para aquela ação, mas somente uma por espaço.
Depois pode comprar cartas, peças, títulos, pagando os valores indicados, além de recrutar tropas e fazer alianças. A maioria dessas coisas é tranquila, exceto a compra de cartas.
Primeiro, porque você precisa ter espaço vazio na sua corte para acomodar as cartas compradas, senão, precisa descartar alguma delas. E isso acontece depois de reposicionar as cartas em seu palácio. Então é sempre preciso deixar um espaço vazio para isso.
As peças e títulos podem dar pontos de vitória e liberar espaços cortigianos, que são muito importantes para essa movimentação das cartas, então, sempre que puder adquira alguns, além das peças de mecenato.
Você ainda pode pegar uma Indulgência, em qualquer momento do jogo, que te dá 3 moedas ou uma coroa. A questão é que a carta fica por cima da ação onde está o seu marcador e só poderá ser retirado na próxima vez que o marcador para ou passa no espaço, com o custo de dois ícones de coroa ou um de religião. Se ficar no tabuleiro, você perde 1 ponto por cada carta.
Final de jogo
Nas partidas com 3 ou mais jogadore, o jogo termina de 3 formas: chegar ao final de uma das trilhas, seja de controle de cidades ou mecenato, ou não ter mais cidades neutras no tabuleiro. Em 2 jogadores, é no final da 21ª rodada, ou quando o jogador azul conquista a cidade de Nápoles.
Enquanto que com 3 ou mais jogadores, os jogadores pontuam as trilhas de cidade e mecenato, as peças e cartas que dão pontos, pontos de religião, os troféus dos outros jogadores, as alianças e perdem pontos pelas indulgências. Quem tiver mais, vence.
Na partida para 2, se pontua a mesma coisa, porém não tem as trilhas de mecenato e cidade. Assim, cada cidade controlada dá um ponto.
Prós e contras de Virtù
Virtù é um jogo de controle de área muito interessante, que trabalha bastante o planejamento e controle de área com informações abertas para todos. Não tem nada escondido, a não ser a sua estratégia.
Em 3 jogadores ou mais é um controle de área com caminhos diferentes, incluindo não ser tão combativo e buscar pontuar pela trilha do mecenato, anexar cidades neutras, comprar cartas e peças, além do controle de área. Dá pra jogar de forma porradeira, mas dá pra jogar de forma mais reservada e estratégica. É possível, inclusive fazer um mix do dois.
O grande segredo será o controle da sua roda de ações, a movimentação das cartas, a compra de cartas e peças que te ajudem a mover a sua estratégia, é criar um engine building que otimize as duas ações. Mas é um engine building diferente, pois ele usa como motor o rondel.
Já em 2, é meio que um cabo de guerra, onde você vai tentar se espalhar e conquistar cidades, além de se aliar a uma das nações, podendo inclusive conquistar outras na base do cerco. A questão é que o jogador de Nápoles tem que tomar cuidado com os movimentos do jogador da França, pois se ele dominar a capital amarela, leva a partida na hora. Por isso acaba sendo um jogo muito mais de ação e reação do que uma estratégia a longo prazo.
Esse modo acaba sendo uma ótima pedida para quem gosta de jogos nessa pegada, como Star Wars Rebellion e Twilight Struggle.
Pois foi essa versatilidade dos dois modos de jogo que mais gostei em Virtù. Você tem um jogo mais tático em 2 e mais estratégico em mais pessoas, usando praticamente as mesmas mecânicas.
Minha única ressalva fica por conta da quantidade de exceções nas regras, que acaba deixando o jogo pouco fluído, ao menos nas primeiras partidas. Então, é o tipo de jogo que não dá muita vontade de explicar várias vezes, mas sim jogar várias partidas com o mesmo grupo, focando mais em aprimorar cada jogada, do que ter que explicar tudo novamente a cada vez que for pra mesa.
Mas, é mais do que recomendado para quem gosta de jogos de controle de área estratégicos, jogos para 2 jogadores táticos e jogos com temática medieval e religiosa.
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