Review – Tapestry e a maldição do hype
Se você não me conhece, não sabe que eu sou um grande fã de Jamey Stegmaier e dos jogos da Stonemaier Games. Tudo o que eu joguei deles gostei bastante, sendo Scythe meu top 1 e os outros jogos estão entre meus preferidos. Mas, eis que surge Tapestry, em um misto de expectativa e decepção.
Expectativa por ser um jogo civ de um dos meus designers preferidos e que tinha uma produção incrível. Decepção por conta do tempo de lançamento para os “campeões” da empresa que já estavam jogando há mais de 2 meses. Além das cópias que estavam rodando aqui pelo Brasil. E nada da gente aqui no sul ter acesso.
Até que um belo dia, o jogo é finalmente lançado e depois de uma demora chegou por aqui. Assim pudemos experimentar e degustar dessa maravilha mercadológica dos board games acima dos 500 taoqueis. Será que a espera valeu a pena?
O JOGO
Tapestry é um jogo que apesar de ter o tema de civilização, acaba tendo isso de forma abstrata. Você não vai sentir desenvolvendo sua civilização. No máximo vai construir a sua capital.
Ele acontece em 5 eras, sendo que cada jogador decide quanto vai iniciar uma nova era. Ao final da quinta era, o jogo termina para aquele jogador.
Na sua vez, você pode fazer uma entre duas coisas: avançar em uma das 4 trilhas, ou fazer o turno de renda.
As ações
As trilhas estão relacionadas a recursos de acordo com o seu tipo. Quando você avança em uma trilha, você paga o custo de acordo com o nível onde avança, que pode ser I, II, III e IV. No nível I, você paga 1 recurso qualquer, no segundo o recurso correspondente da trilha e outro qualquer. No terceiro, o recurso da trilha e outros dois e no quarto, dois recursos iguais ao específico daquela trilha,
O turno de renda
O turno de renda define quando um jogador termina uma era e inicia outra. As ações realizadas são diferentes na primeira e na quinta era. Da segundo a quarta são exatamente iguais e seguem os seguintes passos:
- O jogador ativa a habilidade de sua civilização, caso possua;
- Baixa uma carta de tapeçaria e realiza o seu efeito. Se for o primeiro de seus vizinhos a fazer isso, recebe a quantidade de recursos indicado no tabuleiro;
- Avança um nível uma carta de tecnologia caso tenha cumprido o seu requisito e ganhe o seu bônus na hora;
- Ganha pontos de vitória pelos espaços livres das 4 linhas de construção de seu tabuleiro: de 1 a 3 PVs por cada carta de tecnologia próximo ao seu tabuleiro de renda, de 1 a 3 PVs por cada linha e coluna completa na sua capital (também chamado de pontuação da capital), PVs igual ao número mostrado e 1 PV por cada território no mapa que você controla.
- Recebe itens de acordo com os espaços vazios das linhas de construção: recursos (no máximo 8), fichas de território, e cartas de tapeçaria.
Na primeira era, o jogador recebe somente os recursos indicados no tabuleiro e na quinta era, o jogador recebe somente os pontos correspondentes e avança uma tecnologia.
AS TRILHAS DE TAPESTRY
Cada trilha oferece um tipo de benefício e ações, sendo que elas combinam ações entre elas. Ao avançar nas trilhas, existem espaços que oferecem ações bônus, que são concedidas ao pagar o custo. Essas ações estão indicadas nos espaços da trilha.
O primeiro jogador a passar para o próximo nível de cada trilha, recebe o monumento indicado e precisa colocar em seu tabuleiro de capital. Vamos ver o que cada uma das trilhas faz.
Exploração
Essa trilha vai fornecer fichas de território, ações de explorar, colocar fazendas, ganhar pontos terras conquistadas, por fazendas pela trilha de tecnologia e exploração espacial. O recurso relacionado a essa trilha é o alimento.
A exploração de território permite ao jogador colocar uma peça no mapa, em um espaço adjacente a que você controla. Ao colocar, ganha pontos pelos territórios adjacentes que possuam ao menos um elemento em comum. Depois, o jogador recebe o bônus indicado na ficha.
A ficha de exploração espacial não é colocada no mapa, mas oferece de dois a três benefícios, que podem dar diversos benefícios e pontos de vitória.
Ciência
A trilha de ciência dá benefícios como andar em outras trilhas recebendo benefícios ou não, cartas de tapeçaria, construir habitações, e pontos de vitória por cartas de tecnologia, ou descartando cartas de tapeçaria. O recurso relacionado a essa trilha é o trabalhador.
Sempre que aparece o dado de exploração, o jogador rola ele e pode avançar na trilha correspondente. Se houver um x, ele não faz a ação ou recebe bônus do lugar. Se não houver x, ele pode fazer os dois.
Tecnologia
Essa é a trilha que dá cartas de tecnologia e ajuda a evoluí-las ou ativá-las em momentos do jogo, além de construir mercados e outras construções, pontos por mercados e a posição nas trilhas de Ciência e Militar. O recurso relacionado a essa trilha são as moedas.
Militar
Já na trilha militar, o jogador conquista territórios, constrói arsenais e recebe recursos, cartas de tapeçaria e uma nova civilização. Ele ganha pontos por fichas de exploração na mão, cartas de tapeçaria na mão, pela trilha de exploração e pela capital.
Ao realizar a ação de conquistar, o jogador rola os dois dados militares e escolhe um dos dois bônus, que pode ser um recurso ou pontos de vitória, conforme indicado nos dados. Existem espaços que ele recebe os dois, mas ele indica quando e como. Depois disso, ele pode colocar um de seus postos avançados no espaço indicado.
Caso exista um marcador de outro jogador, ele derruba o posto avançado do outro jogador e controla o espaço. Se o jogador adversário possuir a carta de tapeçaria “Armadilha”, ele impede que o território seja conquistado e o jogador atacante deita o seu posto, além disso, o defensor recebe um recurso.
AS CIVILIZAÇÕES
O jogo vem com 16 civilizações e cada cartela indica suas habilidades. Normalmente você joga com somente 1, mas algumas habilidades permitem ter até mais 2. Elas geralmente são muito boas e equilibradas, nas partidas em que joguei senti que algumas são melhores que outras.
Isso se refletiu em ajustes que o próprio autor lançou recentemente. A grande maioria permaneceu inalterada, enquanto 7 civilizações recebem ajustes. Isso foi feito após milhares de partidas registradas em um site. Confira os ajustes aqui.
AS CARTAS DE TECNOLOGIA
As cartas de tecnologia são coisas muito interessantes e boas do jogo. Cada uma possui duas habilidades, uma com um redondo e outra com o quadrado. A habilidade do símbolo redondo pode ser ativada ao evoluir a tecnologia pela primeira vez. Para o benefício do quadrado, é preciso cumprir o requisito indicado (você ou seus vizinhos) para evolui a tecnologia e receber isso.
Elas são muito boas e seu uso pode ser melhor ou píor de acordo com o momento do jogo e são bem equilibradas. O importante é que elas geralmente dão pontos pela trilha de bancos do tabuleiro de jogador, então tê-las é muito bom.
AS CARTAS DE TAPEÇARIA (TAPESTRY)
Aqui está o ponto mais polêmico do jogo: as cartas de Tapestry ou tapeçaria. Elas possuem habilidades com poderes diversos e que podem combinar com habilidades das facções. Em muitos casos, elas são a diferença entre uma vitória ou uma derrota humilhante.
De certa forma, elas podem trazer algum tipo de desequilíbrio em jogo, o que trouxe bastante decepção nas partidas em que joguei. A aleatoriedade de pegar somente uma no começo de jogo pode ser bem ruim nas primeiras eras. Para ter um maior controle sobre elas, é preciso ter várias na mão. Mas, ainda assim, não se assuste se um jogador jogar uma carta que dê a ela mais de 20 pontos.
MONUMENTOS E CAPITAL
Os monumentos recebidos nas trilhas, são colocados na sua capital. Cada capital possui espaços livres e ocupados diferentes. Os pontos vermelhos indicam espaços onde não podem ser colocadas construções.
As construções de renda são colocadas em um espaço livre por vez. Os monumentos conquistados nas trilhas ou por cartas de tecnologia precisam ser colocadas nas capitais na hora que são recebidos. Eles precisam ser colocados em espaços vazios, mas podem vazar para fora do mapa.
Ao completar um quadrante, o jogador recebe na hora um recurso qualquer. Linhas e colunas completas, pontuam de acordo com os espaços liberados na trilha do tabuleiro de venda.
Outra crítica ao jogo são o excesso de produção dos monumentos e não tem nada demais. São peças para serem colocadas no puzzle da capital e não dão benefícios, nem bônus especiais. Poderiam ser peças de madeira. Muitas inclusive, não possuem o formato indicado no tabuleiro de monumentos. Por isso, é importante conferir antes de colocar o monumento na capital.
FINAL DE JOGO
Assim que todos os jogadores realizarem a sua quinta renda, o jogo termina e quem possuir mais pontos, vence o jogo. No caso de empate, vence quem possuir mais recursos.
CONSIDERAÇÕES SOBRE TAPESTRY
Tapestry não é um jogo ruim, mas está longe de ser um excelente jogo. O que parecia um promissor jogo de civilização, acabou se tornando um jogo de corridinha de trilhas e um bom tanto de desequilíbrio. Desequilíbrio nas civilizações e nas cartas de tapeçaria. Existem combinações que claramente são mais sinérgicas que outras e se você tiver o azar de não sair com uma delas, pode não ter muito o que fazer, além de assistir aos outros jogadores fazendo muitos pontos.
Para mim, foi uma grande decepção. E olha que depois de diversos reviews e vídeos, já não estava esperando uma obra-prima, mas um jogo bom. No final, ele é um jogo com uma excelente produção, mas ok. Ele não traz nada de novo.
Analisando o jogo sem aquela expectativa sobre ele, posso afirmar que é um bom jogo, mas com um tanto de aletoriedade e sorte que não me agrada, mas com certeza tem o seu público.
Por ser um jogo da Stonemaier, com uma produção caprichada, acabou por ganhar um belo hype, mas, se fosse de uma editora desconhecida, ou uma produção mais simples, possivelmente passaria batido por aí.
Jamey Stegmaier continua mostrando que possui grandes habilidades com os negócios e em como lançar um jogo. Mas, em questão de qualidade, acabou por perder alguns pontos com Tapestry.
Se você gosta de um jogo bonito e não liga para um bom tanto de sorte, Tapestry pode ser perfeito. Mas, se você gosta de jogos mais balanceados e estratégicos, recomendo que busque em outro lugar.
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