Publicado em julho 8th, 2016 | por Tábula Quadrada
Tábula Entrevista: Fire On Board Jogos
Nos dias 25 e 26 de junho, aconteceu em Vitória – ES o 12º Encontro de Jogos Analógicos Dungeon Capixaba, quando estivemos lá por meio de nosso enviado especial Rafa Almeida. Ele aproveitou a ocasião e conversou com João Barcelos, um dos responsáveis pela editora Fire On Board jogos e conversou com ele sobre diversos temas, entre eles, alguns polêmicos, como a vinda do jogo Scythe e a caixa do The Gallerist. Confira como foi:
Tábula Quadrada (TQ): João, apesar do nicho de mercado ser pequeno, muitas editoras estão surgindo, principalmente com o intuito de lançar jogos criados por elas mesmas. Muitas iniciaram assim e isso aumenta a concorrência. Quais são os planos da Fire on Board para conseguir enfrentar os concorrentes?
João Barcelos (JB): Primeiramente, obrigado pela oportunidade da entrevista. Sobre o surgimento de novas empresas, acho bem importante para nosso mercado. Quanto mais empresas e mais produtos chegando, maior o estímulo ao hobby. Claro que vai haver uma competição, mas são todos jogos diferentes. Então, apesar de uma concorrência (pois uma pessoa poderá optar por um jogo a outro), os jogos não se excluem. Aliás, acho desnecessárias as comparações fervorosas entre jogos. Cada um tem sua função no mercado e seu público. Enfim, acredito que tem espaço para todo mundo. Se comparado com o mercado americano ou europeu, ainda temos poucas empresas no ramo. Agora sobre como pretendemos agir, posso dizer que nosso plano é focar em trabalho duro, planejamento e qualidade. Ainda mudamos e adaptamos muitas coisas agora que estamos mais consolidados no mercado. Por exemplo: nosso próximo jogo chegará direto para os nossos lojistas parceiros.
TQ: A crise econômica brasileira incomoda o mercado de colecionáveis e hobbys ou é indiferente?
JB: Ah, incomoda sim. Apesar do “boom” que o mercado de jogos de tabuleiro está tendo, a crise chegou para todos. Por exemplo: o dólar mais caro influencia nos preços dos jogos, o que influencia a quantidade de jogos que uma pessoa compra por mês ou a quantidade de jogos que um lojista vai comprar, etc. Claro que há exceções, mas acredito que a maioria das pessoas diminuíram suas compras de jogos ou estão pensando 2x mais na hora de escolher um título.
TQ: Quais dicas você daria a alguém que quer lançar um jogo, tem um projeto bacana e tem vontade de ver ele nas mesas desse Brasil e do mundo?
JB: Menos é mais. Ao menos no começo. Muitos designers iniciantes começam com projetos grandiosos. Isto é: jogos com muitos componentes. Às vezes, até colocando componentes que a editora terá que importar. Acredito que eles têm que pensar inicialmente em custo de produção. Ver se seu jogo será acessível tanto para a editora quanto para os consumidores. Claro que a editora vai auxiliar neste quesito. Mas acho legal iniciar com um jogo mais acessível para ganhar experiência e nome no mercado.
E para todos os designers que gostariam de trabalhar com a Fire on Board Jogos, é só nos mandarem um e-mail para o marketing@fireonboardjogos.com.br, apresentando seu projeto. Pode ter certeza que olharemos com carinho.
TQ: Nós sabemos que vocês vão lançar seu primeiro jogo autoral, que é o Covil. Como estão os ânimos e as expectativas com esse novo projeto?
JB: Estamos muito animados. O Covil foi uma surpresa boa desde o primeiro momento. O Luís Brueh é um achado e tem tudo para ser um dos maiores games designers do Brasil (espero que do mundo, haha). Ele é uma pessoa bem tranquila e paciente – o que é ótimo, pois paciência é uma virtude que falta, às vezes, para novos designers.
A cada dia que passa, os ânimos estão ficando maiores. Aliás, o Covil será nosso primeiro jogo nacional. Vocês podem ter certeza que estamos dando nosso melhor para publicar o Covil com a melhor qualidade possível e a um ótimo preço final. Queremos que ele seja acessível para todos os nossos consumidores.
TQ: João, momento polêmico. O que aconteceu com o lançamento do Scythe?
JB: Foi polêmico mesmo, mas acredito que não por nossa causa. O que aconteceu foi que ouve uma alteração no planejamento inicial já acordado entre nós e a empresa americana. Houve um adiantamento da produção do jogo (não da chegada do mesmo no Brasil, pois eles queriam lançar primeiro o jogo no mercado americano e nos deixar esperando – o que é bem prejudicial para nós uma vez que o Scythe é um jogo bem caro) e dos pagamentos. Quero deixar claro que a Fire on Board Jogos tem um calendário bem planejado de lançamentos para este ano e já estamos trabalhando no planejamento do ano que vem, por exemplo. Com este adiantamento das datas e a não chegada de um acordo envolvendo pagamento e envio dos jogos, nós optamos por não entrar especificamente nesta primeira produção do Scythe para evitar prejudicar nosso calendário e os futuros jogos já agendados e os jogos já em produção.
TQ: Outra crítica que vocês receberam é sobre a caixa do jogo The Gallerist. Como vocês lidam com essas críticas? E até que ponto essas pessoas têm razão?
JB: Devido a seu tamanho, a caixa do The Gallerist ficou um pouco mais maleável do que as demais. Logo, algumas pessoas acabaram reclamando de qualidade. Porém, ela não é de uma qualidade inferior do que as demais. Por exemplo: a caixa do The Gallerist que temos no escritório está em perfeitas condições, mesmo ficando embaixo de uma pilha de jogos e sendo exposta em eventos. Por outro lado, temos caixas de jogos que foram produzidas na Europa e/ou China que já sofreram algum dano…
Sobre as críticas, nós somos abertos apenas para as críticas construtivas. Nós fazemos questão de escutá-las, conversar com as pessoas que estão fazendo essas críticas e, claro, vir a melhorar a empresa. Então, se você tiver alguma crítica, pode vir falar conosco. Preferimos que use nosso SAC ou converse com um de nossos atendentes no Facebook. Esses são nossos dois canais de contato. Nós queremos ter esse contato positivo com nossos consumidores e sabemos que muitas vezes eles têm razão de reclamar. Porém, às vezes, nos deparamos com situações bem inconvenientes. Por exemplo: um consumidor vir a reclamar em um grupo do Facebook (que não é nosso canal de resposta) antes mesmo de vir conversar conosco diretamente. Quero deixar claro que todo mundo erra e nós não somos exceção. Então, por exemplo, é possível que uma pessoa compre um de nossos jogos e receba um componente defeituoso ou com falta de alguma peça. Nestes casos é só falar com nosso SAC que resolvemos o problema. E se tiver qualquer outro problema, reclamações, opiniões, estamos abertos para escutá-las também. Nosso objetivo foi e será sempre disponibilizar os melhores jogos com uma ótima qualidade e fazer nossos clientes satisfeitos.
TQ: Qual é a expectativa de venda para BattleCON e Euphoria ?
JB: O Euphoria chegou em estoque mês passado e está sendo um sucesso de vendas. O BattleCON começou a ser enviado semana passada e estamos com ótimas expectativas. Mas ainda há muito a ser trabalhado no BattleCON, pois é um jogo que queremos focar em torneios. Atualmente já estamos trabalhando no planejamento e esperamos divulgar algo em breve. Ainda, para quem não conhece, o BattleCON é uma grande linha, possuindo outros títulos além do Destino de Indines. Então, estamos bem animados com a possiblidade de expandir este título no Brasil.
TQ: A Fire on Board tem vontade de abrir uma loja para venda de seus produtos, ou vai continuar terceirizando a distribuição de seus jogos?
Não temos vontade, não. De nossa parte, queremos cada vez mais fortalecer nosso vínculo com nossos lojistas parceiros e adquirir mais parcerias. Por isso, nosso próximo jogo chegará diretamente para eles. Não iremos fazer pré-venda em nosso website. Claro que vamos continuar a venda em nosso website, pois algumas pessoas que não conhecem lojistas próximos podem comprar diretamente conosco. Mas nosso objetivo é focar nos nossos parceiros.
TQ: Além de Dungeon Saga, Village, Covil e Castles of Mad King Ludwig o que podemos esperar da Fire on Board Jogos?
JB: Muita coisa legal ainda vai chegar este ano. Já finalizamos nosso planejamento de lançamentos para este ano e já estamos trabalhando no planejamento do ano que vem. Não posso liberar muita coisa, mas alguns jogos menores estão chegando (estávamos precisando, não? Haha). E nosso próximo lançamento que acontecerá muito em breve será um jogo que dizem ser um amor e que ganhou vários prêmios. Tábula Quadrada, muito obrigado pela entrevista e pela parceria de vocês. Acreditamos em seu trabalho e cada dia que passa, temos certeza que vocês são um dos melhores geradores de conteúdo sobre jogos de tabuleiro do Brasil. Obrigado.